EXCLUSIVO! APÓS 40 ANOS CORONEL ROMPE O SILÊNCIO! ENTREVISTA INÉDITA COM O CHEFE DO A2 E COMANDANTE DA OPERAÇÃO PRATO CEL. CAMILLO FERRAZ DE BARROS

Breve resumo histórico sobre o fenômeno

No final da década de 1970, mais especificamente em 1977 e 1978, populações de algumas localidades dos estados brasileiros do Pará e Maranhão passaram a denunciar a presença de “luzes” que estariam se movendo de maneira incomum através do céu noturno. Em alguns casos, os moradores dessas localidades também chegaram a alegar que tais “luzes”, que também eram chamadas de “objeto”, “aparelho”, “bicho” ou “chupa”, avançaram em direção a algumas pessoas e emitiram uma espécie de “feixe luminoso” sobre elas. De acordo com alguns relatos, esse feixe criou alterações sobre o estado de saúde dessas pessoas, resultando em sintomas como fraqueza, sensação de calor, dificuldades para falar, etc., além de deixar sequelas físicas, como queimaduras.

Esse estranho fenômeno, que começou a ficar conhecido no estado do Maranhão nos primeiros meses do ano de 1977, foi migrando lentamente ao longo do ano em direção ao oeste, de maneira que nos meses finais desse mesmo ano, ainda continuava ativo, entretanto não mais no estado do Maranhão, mas sim no estado do Pará, mais especificamente em localidades banhadas pela baía do Marajó e seus afluentes. Os principais locais afetados pelo fenômeno naquele momento eram: A ilha de Colares; Vigia de Nazaré; Santo Antônio do Ubintuba; Vila Nova do Ubintuba; Santo Antônio do Tauá, entre outros.

O início da investigação militar

Embora os militares brasileiros já estivessem investigando o fenômeno pelo menos desde maio de 1977 conforme artigo já publicado anteriormente pelo site operacaoprato.com, uma providência mais efetiva só foi tomada meses depois quando autoridades das localidades atingidas encaminharam pedidos de ajuda à Aeronáutica para que investigassem a natureza das luzes que afligiam as populações locais.

Pelo menos uma destas demandas teria chegado às mãos do Comandante do I Comar em Belém, o Brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, que ordenou ao Chefe da Seção de Inteligência (2ª Seção) para que comandasse uma sigilosa investigação em busca de respostas.

De acordo com documentos oficiais da Força Aérea Brasileira que atualmente já são de conhecimento público, a Aeronáutica brasileira investigou esse fenômeno através da denominada “Operação Prato”. Essa documentação informa que a Operação Prato foi iniciada no dia 20 de outubro de 1977, através do deslocamento de uma equipe operacional formada por 03 (três) agentes do I COMAR da Força Aérea Brasileira que, partindo de Belém, se dirigiram para a localidade de Santo Antônio do Tauá.

O entrevistado

No relatório oficial posteriormente escrito pelos militares dessa primeira equipe, relataram que aquela missão, que objetivava esclarecer o que de real existia sobre os aparecimentos e movimentação dos chamados “Objetos Voadores Não Identificados”, seria cumprida “de acordo com as ordens verbais recebidas do Sr. Chefe do A2”, que durante a Operação Prato, se tratava exatamente do nosso entrevistado neste artigo, o então Tenente-Coronel Camillo Ferraz de Barros, ou seja, o chefe da seção de inteligência (2ª Seção) do I COMAR em Belém, conforme está descrito nos arquivos militares oficiais da Operação Prato.

O então Ten. Cel. Av. Camillo recebia diretamente os relatos verbais da equipe de campo bem como os relatórios e fotos produzidos. Conforme será visto mais adiante neste artigo, em algumas ocasiões ele esteve pessoalmente nas localidades de incidência do fenômeno. Nos anos posteriores à Operação Prato, poucos militares comentaram o assunto, descrevendo detalhes da operação e as experiências vividas. Vale ressaltar a célebre entrevista que em 1997, o Cel. Hollanda concedeu para a revista UFO, que foi um marco na ufologia e viria e repercutir grandemente nos anos seguintes. Mais recentemente, outros importantes militares participantes da Operação Prato concederam entrevistas aos autores desse artigo, e elas podem ser verificadas nesse site. Todos esses entrevistados apontam o Coronel Camillo Ferraz de Barros, aviador experiente com mais de 5.000 horas de vôo, como o militar de alta patente responsável por orquestrar a operação, seria ele um dos personagens mais importantes dessa história.

No ano de 2013, a revista UFO divulgou uma matéria na edição UFO Especial Nº 72, mês de junho, contendo uma fotografia que foi atribuída ao Cel. Camillo, mas que na realidade pertence a uma outra pessoa, conforme constatamos no momento que nos encontramos pessoalmente com o entrevistado. Tendo em vista que essa fotografia vem sendo divulgada há alguns anos em sites e palestras, disponibilizamos agora a foto com a imagem real do Cel. Camillo, de modo a viabilizar as correções necessárias.

Apesar de no ano de 1977 o nosso entrevistado já ter prestado declarações a jornais da época a respeito da aparição das estranhas luzes, ele nunca havia respondido a perguntas diretas feitas por pesquisadores sobre a operação em si. Após um silêncio que durou mais de 40 anos, o site operacaoprato.com produziu a única entrevista concedida por esse protagonista da operação militar que investigou um dos eventos mais incríveis da Idade Contemporânea.

Cel. Camillo Ferraz de Barros. Foto gentilmente cedida por seu filho Ricardo V. de Barros

Nome: Camillo Ferraz de Barros

Data de nascimento: 27/04/1937

Natural: MG

Ingresso na FAB: 31/03/1952

Patente na época da OP: Tenente-Coronel

Atuação: Chefe da seção de inteligência (A2) do I COMAR em 1977, comandou a Operação Prato

Patente atual: CL QOAV RF (Coronel, Quadro de Oficiais Aviadores, Reformado)

A ENTREVISTA

1) Sr. Coronel Camillo, por qual motivo a Operação Prato foi iniciada?

Camillo: Um prefeito de uma das cidades da região entrou em contato conosco, e nos falou que os moradores da cidade estavam muito assustados com “luzes” de origem desconhecida que estavam aparecendo por lá.

2) Até quando o senhor permaneceu ligado funcionalmente aos assuntos referentes à Operação Prato?

Camillo: Até eu ser transferido do I COMAR.

3) E quando o senhor foi transferido?

Camillo: Acredito que tenha sido por volta do ano de 1980. Portanto, qualquer coisa que eu diga, só é válido caso tenha ocorrido entre o início da Operação Prato e, essa minha transferência.

4) E isso significa que as investigações sobre o fenômeno “Chupa-chupa” ainda existiam durante o ano de 1980?

Camillo: Sim, mas com uma intensidade muito menor do que quando o fenômeno era indiscutivelmente ativo, por volta de 1977. No momento da minha transferência, havia pouca atividade nas investigações.

5) Os relatórios oficiais mencionam que o senhor esteve presente em localidades atingidas pelo fenômeno. Está registrado que a equipe do senhor contava com a presença de médicos militares da Aeronáutica. Pode comentar sobre isso?

Camillo: Eu fui até esses lugares, e os médicos militares examinaram pessoas das localidades. Enquanto eu estava lá, me lembro de uma senhora que disse ter sido vítima das “luzes”, mas não pudemos confirmar a procedência das declarações dela. A única coisa clara era que ela precisava de atendimento, no mínimo por estar muito nervosa. 

6) Em algum outro momento, médicos subordinados à Aeronáutica participaram das missões militares relacionadas à Operação Prato, além dessa ocasião na qual eles acompanharam a equipe do senhor?

Camillo: Não me lembro da presença de médicos em outras ocasiões.

7) Esses médicos que foram acompanhados pelo senhor, chegaram a alguma conclusão sobre o que estava acontecendo?

Camillo: Eles perceberam que as pessoas estavam muito nervosas. Algumas tinham algumas marcas, mas essas marcas que eles viram não eram nada conclusivas.

8) Quais suas impressões sobre o que presenciou nesses locais?

Camillo: Os moradores daquelas localidades estavam muito assustados com a presença daquelas “luzes”.

9) Sobre essas “luzes”, o senhor as viu?

Camillo: Sim. Vi uma certa quantidade delas.

10) Pode descrevê-las?

Camillo: Bom, o que posso dizer é que eram “luzes” que se moviam no céu.

11) Elas possuíam alguma forma específica?

Camillo: Eu não fui capaz de perceber se tinham alguma forma específica. Naquilo que fui capaz de perceber, basicamente, eram “luzes”. O que me intrigou em relação a elas era a movimentação delas.

12) Pode explicar melhor essa questão envolvendo a movimentação dessas “luzes”?

Camillo: Sim. Elas se movimentavam de maneira que sugeria organização, pois não era uma movimentação aleatória. Portanto, pelo que meus olhos viram e, pelo que minha equipe e os moradores relataram, acredito que aquelas “luzes” estavam sendo controladas.

13) E na opinião do senhor, quem as controlava?

Camillo: Considero que eram controladas por alguma forma de inteligência que era superior à inteligência humana. Mas acho importante esclarecer que essa minha opinião não foi formada por causa de informações sigilosas que poderiam ter chegado até a mim, mas sim devido ao fato de que essas luzes apresentavam características que no meu entendimento, eram diferentes de qualquer fenômeno natural ou atividade humana que eu conhecesse. Portanto, o que eu vi, foi visto de maneira bem mais frequente pela minha equipe de campo e pelos moradores daquelas localidades; todos eles tiveram as mesmas oportunidades do que eu para criarem suas próprias opiniões. Dessa forma, considero que havia algo inteligente e complexo por trás daquelas “luzes”, mas a Aeronáutica não foi capaz de compreender sua origem, onde resta a cada um fazer sua própria interpretação e chegar a sua própria conclusão.

14) Mas o que sua equipe de campo lhe reportava sobre as “luzes”? Diziam que eram simplesmente “luzes”, ou relatavam a possibilidade de haver algo artificial nelas?

Camillo: Pelo que me lembro, nem mesmo a equipe de campo foi capaz de esclarecer muita coisa envolvendo essas “luzes”.

15) Sua equipe chegou a debater a possibilidade de que essas luzes poderiam ser máquinas, aeronaves, etc.?

Camillo: Havia mais especulação sobre a natureza dessas luzes do que informações concretas. E essas poucas informações concretas eram essencialmente obtidas através de observações visuais.

16) O que o senhor tem a dizer a respeito de um evento que teria ocorrido durante os meses finais do ano de 1977, no qual uma equipe chefiada pelo Coronel Hollanda teria visualizado, perto deles, um objeto voador brilhante que tinha o tamanho de um prédio de 30 andares, cuja forma foi comparada pelo Coronel Hollanda, a uma “bola de futebol americano”? O que o Coronel Hollanda e os demais militares que por ventura também estavam presentes, lhe relataram sobre esse acontecimento?

Camillo: Não me recordo disso. Não me lembro de nada com essa descrição.

17) O que ocorre é o seguinte: Entre os pesquisadores e interessados pela Operação Prato, esse episódio se destaca. Trata-se de acontecimentos específicos que teriam ocorrido numa olaria localizada nas imediações de Belém, chamada Olaria Keuffer. De acordo com o Coronel Hollanda, conforme ele disse numa reportagem gravada em vídeo que já é de conhecimento público, em 1977, um trabalhador dessa olaria, chamado Luiz, teria lhe contado que viu um “ser” de identidade desconhecida, que teria saído de uma nave que se encontrava parada no ar, de modo que esse “ser” teria descido flutuando dessa nave, alcançando o solo. Esse “ser” teria então iluminado o local onde Luiz se encontrava, com o uso de uma luz que provinha da sua própria “mão”. Nesse momento, Luiz estaria escondido nas proximidades, mas esse “ser” teria direcionado para ele essa mesma luz proveniente da sua “mão”. Luiz então teria fugido, e o “ser” teria voltado para a nave, que teria voltado a persegui-lo pelo alto. Posteriormente, o Hollanda teria então ido até essa olaria junto a uma equipe da Aeronáutica e, já durante sua primeira noite de vigília, o Hollanda e sua equipe teriam visualizado um objeto voador de enormes proporções, que brilhava muito, possuía um comprimento aproximado de 100 metros, e apresentava uma forma elipsóide, que Hollanda comparou a uma bola de futebol americano. Então, Cel. Camillo, o senhor pode nos fornecer informações a respeito desses eventos sucedidos na área dessa olaria?

Camillo: Quanto a esse rapaz da olaria, dele me lembro muito bem. Ele foi até o I COMAR e eu mesmo o recebi, e eu mesmo colhi o relato dele. Ele chegou lá bastante assustado e suas roupas estavam bastante sujas. Ele me contou que estava no meio do mato, à noite, caçando, quando ele viu uma luz que lhe pareceu muito estranha, iluminando o local. Ele disse que ficou com muito medo e fugiu de lá correndo.

18) E como era essa “luz”?

Camillo: Quando ele estava me contando sobre essa “luz”, comentou algo sobre uma “mão”. Mas nem ele mesmo sabia explicar se a “luz” estava saindo de uma mão ou se a tal mão segurava algo que gerava a “luz”.

19) E essa tal “mão”, pertencia a quem?

Camillo: Considerando que era mesmo uma mão, ele me disse que não conseguiu visualizar direito a quem ela pertencia.

20) E nessa história que ele lhe contou, ele falou algo sobre ter visto alguma nave ou algum “ser”, pessoa, ou humanóide?

Camillo: Na história que ele contou pra mim, não havia a presença de naves ou de qualquer “ser” ou pessoa. Havia essa questão da “mão”, que logicamente ele achou que pertencia a alguém.

21) E quanto ao objeto brilhante que tinha o tamanho de um prédio de 30 andares e a forma de uma bola de futebol americano?

Camillo: Realmente não me lembro desse acontecimento. O que me lembro é dessa situação envolvendo o rapaz da olaria, que me procurou falando que viu uma luz estranha. Entretanto, realmente não me recordo de que tenha ocorrido esse evento posterior, envolvendo esse objeto gigantesco, com essas características. Acredito que não tenha ocorrido, mas se ocorreu, certamente estará nos relatórios e eles irão me corrigir.

22) O senhor já assistiu aos vídeos das entrevistas do Coronel Hollanda, onde ele forneceu informações sobre a Operação Prato?

Camillo: Vi uma parte dessas entrevistas, mas jamais me interessei em ver elas por completo. Não possuo esse interesse.

23) E em relação às partes que o senhor viu, qual é sua avaliação?

Camillo: Sobre as partes que eu vi, tenho a impressão de que houve um certo exagero em algumas das declarações dele. Mas não tenho interesse em ficar analisando as palavras dele.

24) Como foi o interesse do alto-escalão militar em Brasília pelo fenômeno? Eles se interessaram pelo fenômeno desde o início, não se interessaram pelo fenômeno, ou passaram a se interessar por ele apenas a partir de um determinado acontecimento ou momento?

Camillo: Brasília não demonstrava muito interesse por isso. Tanto é que quando foi alguém de Brasília para Belém, ele só foi até lá porque eu pedi. Era um agente do CISA, que foi enviado pra lá porque eu estava precisando de equipamentos melhores. Ele foi pra lá levando equipamentos de gravação de vídeo de qualidade superior àqueles que possuíamos.

25) Então quer dizer que quando Brasília enviou alguém, isso não aconteceu por iniciativa deles?

Camillo: Correto. As informações enviadas pra lá eram enviadas muito mais por iniciativa nossa do que por solicitação deles. Mas mesmo assim, não me lembro com qual frequência, nós mantínhamos o Estado Maior da Aeronáutica atualizado a respeito das investigações.

26) Coronel Camillo, durante essas décadas que já se passaram desde o ápice do fenômeno, surgiram diversas informações indicando que o governo norte-americano, teria tido alguma influência ou participação, ou atuação conjunta com militares brasileiros, nas investigações do fenômeno “Chupa-chupa”. Alguma vez aconteceu do governo dos Estados Unidos, ou de qualquer outro país, ter enviado equipamentos ou profissionais para ajudar a Aeronáutica a investigar os acontecimentos envolvendo o fenômeno?

Camillo: Enquanto eu estive presente à frente da seção, não me lembro da interferência ou apoio de outros países. Mantivemos tudo muito fechado entre nós. Foi tão restrito que certa vez o General Uchoa me procurou enquanto eu ainda estava na chefia do A2 do I COMAR, me pedindo informações sobre as investigações. Eu tive que sugerir a ele que pedisse autorização para o comandante do I COMAR, o Brigadeiro Protásio, pois só assim eu poderia fornecer alguma informação para ele. Só não era possível aplicar uma restrição maior às investigações porque o fenômeno estava ocorrendo a céu aberto e qualquer um podia vê-lo.

27) Além do General Uchoa, outras pessoas lhe procuraram nessas últimas décadas, pedindo que o senhor contasse o que sabe?

Camillo: Algumas pessoas já me procuraram, mas preferi não falar com elas sobre o assunto com a clareza com a qual estou fazendo agora. Pra te dar um exemplo, certa vez fui procurado por um ufólogo norte-americano chamado Bob Pratt. Inclusive, na ocasião, ele me ofereceu uma viagem para os Estados Unidos, com hospedagem, tradutor particular e todo o resto pago, para eu discursar sobre a Operação Prato em um congresso de ufologia; mas eu não quis. Outro que já me procurou há muito tempo atrás foi um ufólogo mineiro chamado Húlvio Aleixo, mas eu conversei apenas superficialmente com ele.A verdade é que eu enterrei esse assunto quando fui transferido do I COMAR. Estou falando com você agora por causa de uma situação excepcional, que se trata primeiramente da confiança que meu filho, que é seu amigo, depositou em você. Por causa disso, você frequentou minha casa, e tive a oportunidade de conviver com você, onde também senti que posso confiar em você, e decidi fazer essa exceção.

28) Agradeço pela confiança e garanto ao senhor que farei o uso correto dela… A próxima pergunta se trata de uma dúvida que está na mente de muitos pesquisadores: Alguma vez a Aeronáutica enviou aeronaves de combate para aquelas áreas, a fim de identificar e confrontar as tais “luzes”, que ficaram durante vários meses cruzando o céu noturno daquelas localidades?

Camillo: Enquanto eu estive lá, isso não aconteceu.

29) Mas por que a Aeronáutica insistiu em continuar apenas com as missões terrestres, tentando investigar um fenômeno que parecia se originar no céu?

Camillo: As melhores aeronaves de combate da Força Aérea não estavam em Belém, mas mesmo assim, não foi por isso que não enviamos aeronaves para tentarmos confrontar as “luzes”. Não enviamos aeronaves para essa finalidade porque não achamos que essa seria a abordagem adequada. Acreditávamos que estávamos realizando as investigações corretamente, através das investigações por terra. Mas também buscamos outras alternativas para tentarmos descobrir o que estava acontecendo.

30) Pode dar exemplos dessas alternativas?

Camillo: Alguns pescadores das áreas atingidas pelo fenômeno nos informaram que havia algum tipo de objeto que estaria se movendo sob as águas, e que a partir desse objeto que se moveria dentro das águas, alguns objetos menores costumavam surgir. Então, eu próprio fiz uma solicitação para que nossas investigações contassem com o apoio de uma aeronave que talvez fosse capaz de detectar esse tal objeto mencionado por esses pescadores. Então, foi enviado para nós, proveniente da Base Aérea de Salvador na Bahia, uma aeronave dotada de um sistema de detecção avançado, que seria capaz de identificar certos tipos de estruturas, no momento em que essas fossem sobrevoadas por essa aeronave. Então, essa aeronave, que era chamada de “Netuno”, possuía um dispositivo de grande precisão que era capaz de localizar até mesmo submarinos que se encontrassem sob as águas. Inclusive, nessas buscas foram encontradas algumas embarcações naufragadas. Mas quanto ao tal objeto descrito pelos pescadores, esse não foi encontrado.

31) A respeito de aeronaves, os relatórios da Operação Prato descrevem que enquanto o senhor estava em Colares, levado por um helicóptero, esse mesmo helicóptero que levou o senhor, levantou voo e realizou um procedimento que está registrado nos relatórios através do termo “Teste de População”. O senhor pode nos dizer sobre do que tratou esse teste?

Camillo: Fui eu que decidi executar esse teste. Eu queria saber se as pessoas de lá iriam confundir aquele helicóptero com as tais “luzes”; eu queria saber se elas estavam confundindo aeronaves comuns com as tais “luzes”.

32) E qual foi o resultado desse teste?

Camillo: Eram pessoas simples e de pouco estudo, mas mesmo assim não foram confundidas pelo helicóptero.

33) Os militares da Aeronáutica alguma vez anunciaram para o senhor que tiveram algum tipo de contato visual com algum “ser” ou “humanoide”, dentro ou próximo de alguma das luzes ou OVNIs?

Camillo: Não me lembro de qualquer um deles afirmando isso.

34) Provavelmente o senhor assistiu os vídeos gravados pelos militares da Operação Prato. O que as imagens mostram? Alguns desses vídeos mostram cenas especiais que chamaram sua atenção?

Camillo: Existiram vídeos. Em relação a aqueles vídeos que eu assisti, as imagens não eram muito conclusivas. Me lembro que em certa ocasião eu enviei um desses vídeos para um especialista, e esse especialista analisou essas imagens. Se tratava de um vídeo Super 8 e esse profissional disse que não era possível concluir muita coisa com base naquelas imagens. Ele disse que se tratavam de imagens de luzes, e que elas, por si só, não diziam muita coisa.

35) O senhor gostaria de fazer suas conclusões finais, sobre a Operação Prato?

Camillo: Uma coisa que eu sempre falei quando me perguntavam sobre a Operação Prato, é que eu não sabia de nada. As pessoas sempre acharam que eu falava isso para despistar, que eu falava isso para esconder informações altamente sigilosas. Mas a grande verdade é que, ao menos dentro daquilo que eu sei, dentro daquilo que eu presenciei e fui informado enquanto era o chefe da equipe de campo da Aeronáutica que investigou o fenômeno, as informações às quais tive acesso não fogem tanto daquilo que a população local presenciava, apesar das exceções lógicas. É claro que as informações eram concentradas na equipe que eu chefiava, mas mesmo assim, enquanto eu estava no I COMAR, isso não foi suficiente para que a Aeronáutica chegasse a uma conclusão oficial sobre o fenômeno; essa conclusão depende muito mais da opinião pessoal de cada um, perante aquilo que sabe e aquilo que viu.

Reflexão

Antes de iniciarmos a análise desta entrevista, conclamamos todos os pesquisadores a se atentarem a um aspecto fundamental envolvendo as pesquisas concernentes a Operação Prato e, ao fenômeno por ela investigado; nos referimos à confiabilidade das fontes consultadas.

Tratou-se de um fenômeno de proporções gigantescas, ocorrido em diversas localidades dispostas ao longo de uma ampla faixa territorial, que contou com a presença de várias testemunhas, e resultaram em diversos trabalhos investigativos que foram largamente divulgados através de livros, jornais, documentários televisivos, palestras, documentos, sites, entrevistas, etc.

Em meio a tantos conteúdos, qualquer pesquisador que se aventure a analisar todos esses materiais que estão acessíveis ao público, irá se deparar com uma série de conflitos e contradições entre esses dados. Haverá vários momentos nos quais duas ou mais fontes que aparentemente possuem o mesmo grau de confiabilidade, parecerão divergir entre si de modo tão extremo, que poderemos nos ver diante de um impasse.

Neste contexto, salientamos que apesar de determinados conceitos envolvendo o fenômeno denominado “Chupa-chupa” serem amplamente divulgados e estarem enraizados no imaginário popular, isso não garante que sejam verdadeiros; não devemos nos guiar pelas informações mais comuns e difundidas, mas sim por aquelas provenientes das fontes mais fidedignas.

Para momentos de conflito e, para qualquer outro, diga-se de passagem, a atitude mais prudente, segura e sensata trata-se de colocarmos os relatórios oficiais produzidos pelos militares da Aeronáutica como a fonte de consulta mais confiável e precisa de que poderemos dispor, conferindo-lhes a máxima credibilidade possível durante sua consulta ou comparação com as milhares de outras informações existentes sobre o fenômeno.

Se pesquisarmos toda a dinâmica das investigações militares, perceberemos que a equipe da Aeronáutica esteve presente por durante algumas semanas nos locais mais afetados pelo fenômeno, exatamente no período mais intenso da sua manifestação; posteriormente a isso, realizaram várias incursões através de missões de curta duração, porém estrategicamente executadas.

Em relação às duas missões de maior duração (20Out77 até 11Nov77 e, 25Nov77 até 05Dez77), durante o dia, percorriam todo o interior das localidades atingidas, entrevistando e registrando os relatos de testemunhas e possíveis vítimas e, durante a noite, se dividiam em grupos menores buscando se posicionarem em pontos de observação estratégicos, o que lhes permitia perceber qualquer possível manifestação do fenômeno no vasto céu noturno, onde registravam qualquer atividade suspeita, auxiliados por equipamentos como binóculos, câmeras fotográficas, filmadoras, teodolitos e rádios, de maneira que também se mantinham atentos para a necessidade de se deslocarem imediatamente ao encontro de qualquer evento que se desenrolasse ao nível do solo, junto à população e suas residências.

Eram militares treinados, equipados e focados no cumprimento da missão e, mesmo que toda a experiência que possuíam não fosse capaz de garantir que percebessem todos os acontecimentos sucedidos enquanto se fizeram presentes em localidades como Colares, ao menos dentro daquilo que estavam lá para averiguar, certamente identificariam todo e qualquer acontecimento que se sucedesse com maior frequência e, conforme é comumente noticiado, foram muito frequentes as notícias que atribuíram às denominadas “luzes” a execução de ações como voar, brilhar, atacar e deixar ferimentos nas pessoas.

Os relatórios oficiais que a Aeronáutica produziu durante a Operação Prato não foram feitos para o grande público, não foram criados para tranquilizar a população abalada pelo fenômeno; esses documentos foram elaborados para permanecerem secretos, seguindo padrões de sigilo e precisão militar. Foram redigidos de forma a conferir ao texto a máxima exatidão em relação à descrição dos eventos registrados, sem exageros, sem excluir aspectos relevantes e, principalmente, com a cautela por parte dos autores no sentido de não deixarem que suas opiniões pessoais sobre a origem do fenômeno interferissem na descrição dos fatos; quando se tratava de suas opiniões, registravam isso de maneira clara.

É até justificável imaginarmos a existência de acobertamento de informações em documentos militares produzidos para serem divulgados para o público, mas não naquilo que os militares produzem para si próprios, para seus superiores hierárquicos.

Um exemplo disso pode ser verificado nas declarações que o próprio Cel. Camillo fez para o jornal A Província do Pará, que foram publicadas na edição do dia 05 de novembro de 1977. Naquele momento, a Operação Prato se desenvolvia a pleno vapor na ilha de Colares e, o Cel. Camillo, quando perguntado sobre o aparecimento de OVNIs dentro da área do I COMAR, respondeu que “tudo não passou de uma ilusão de ótica por parte da população”, e que na sua opinião, os moradores das localidades atingidas pelo fenômeno teriam confundido satélites artificiais e meteoritos, com naves extraterrenas. Logicamente que naquele momento ele já possuía plena ciência de que o fenômeno se tratava de algo bem mais complexo do que uma “ilusão de ótica”,entretanto, fez o que autoridades responsáveis por populações em pânico geralmente fazem, ou seja, evitou declarações que pudessem aumentar o temor daquelas pessoas.

Ao pesquisarmos sobre o aparecimento desses relatórios da Operação Prato, veremos que eles foram inicialmente vazados sem o consentimento da Aeronáutica, de maneira que posteriormente, quando a Força Aérea Brasileira decidiu liberar documentos oficiais dessas incursões militares, já havia se passado cerca de três décadas, num momento em que não era mais possível negá-las, visto que a documentação oficial anteriormente vazada era contundente.

Erros nos relatórios logicamente existiram, como em algumas questões envolvendo datas, ou em certos cálculos que visaram identificar o tamanho aparente de determinados corpos luminosos, entre outros. Entretanto, estamos falando aqui da obrigação dos militares em serviço, de registrarem os fatos seguindo critérios de precisão que não lhes permitia fugir da exata descrição daquilo que tomavam ciência.

Isso significa que até mesmo o testemunho dos militares já reformados que participaram da Operação Prato, salvo em situações excepcionais, a princípio não devem ter o mesmo peso em relação aos documentos oficiais sigilosos produzidos durante a operação, mesmo que em alguns casos eles próprios tenham redigido e assinado parte de tal documentação.

É uma linha muito tênue que separa as palavras futuras de um militar já reformado, daquilo que ele próprio oficializou no passado através de documentos oficiais secretos, mas ainda assim, conforme já afirmamos, os documentos elaborados representando a “palavra” da Força Aérea Brasileira, no momento que assinados, possuíam o amparo, respaldo e credibilidade dessa instituição militar, de maneira que na condição de documentos sigilosos voltados para o público interno militar, conforme eram os documentos da Operação Prato, as responsabilidades e obrigações impostas pela hierarquia e disciplina da Força Aérea Brasileira não permitia qualquer “desvio” durante o registro dos fatos, de modo que a confiabilidade destes documentos transcendem as outras fontes de informação sobre o fenômeno.

Nesse cenário, algo extremamente favorável para a evolução da nossa compreensão sobre os fatos, é quando esses poucos militares da Aeronáutica que estiveram amplamente envolvidos nas investigações, divulgam informações que enriquecem e aperfeiçoam os dados que nos são trazidos pelos relatórios oficiais militares, acrescentando elementos que, acima de tudo, se encontram em harmonia com esse material, preenchendo suas lacunas e, dando-lhes sentido em suas partes mais confusas ou inconclusivas.

As declarações do Cel. Camillo acrescentaram nova vida aos relatórios, trazendo luz a aspectos de grande relevância dentro da Operação Prato. Que nenhum de nós fique decepcionado caso sua entrevista não atenda a determinadas crenças ou expectativas sobre as investigações militares pois, o verdadeiro valor das suas palavras está justamente em nos revelar a verdade por trás de determinados acontecimentos que foram deturpados ao longo das últimas décadas.

É natural que os novos conteúdos que surgem sobre a Operação Prato sejam comparados com os conteúdos mais relevantes atualmente conhecidos, principalmente em relação aos relatórios oficiais produzidos pela Aeronáutica em 1977 e 1978. Com base nessa concepção, iniciaremos a partir de agora a análise da entrevista.

Manifestação do fenômeno

As informações divulgadas sobre o fenômeno no decorrer das últimas décadas acabou por erguê-lo no imaginário popular, sustentando-o através de 02 (dois) pilares principais: O primeiro se trata das denominadas “luzes”, “OVNIs”,“corpos luminosos” ou “fenômenos óticos”, conforme descrições da própria Aeronáutica, que teriam frequentemente cruzado o céu noturno de localidades como Colares, Vigia e Santo Antônio do Tauá. O segundo se trata dos ditos “ataques”, sintomas e sequelas (queimaduras), que teriam sido infligidos por tais “luzes” em desfavor da população dessas localidades.

Luzes

Quanto a esse primeiro pilar, as ”luzes”, o Cel. Camillo confirmou sua existência e, fez questão de salientar sua crença de que não eram naturais, que “estavam sendo controladas”. Dos militares que tiveram participação ativa na Operação Prato, os registros indicam que o Cel. Camillo era o único com formação de piloto militar, possuindo naquele momento grande conhecimento teórico, aliado a uma experiência prática de mais de 5.000 horas de voo. Portanto, ninguém mais qualificado do que ele para saber identificar a artificialidade das denominadas “luzes”, de maneira que ele explicou uma das bases do seu raciocínio para chegar a essa conclusão: “Elas (‘luzes’) se movimentavam de maneira que sugeria organização, pois não era uma movimentação aleatória”.

Mas há outra coisa muito importante que podemos perceber nas palavras dele, que se trata da incapacidade, até mesmo dos militares da Aeronáutica, de obterem informações mais precisas sobre a natureza das tais “luzes”.

Em relação a elas, conseguiram estimar distâncias, tamanhos aparentes, altura em relação ao solo, velocidade, etc., mas, definitivamente não obtiveram êxito em identificar a constituição dessas “luzes”, ou seja, se tratavam-se de máquinas voadoras que emitiam brilho,se eram formadas através da manifestação de algum tipo de energia, ou se possuíam qualquer outra natureza.

Podemos confirmar essa perspectiva através de uma leitura atenta dos relatórios oficiais da Operação Prato, que por diversas vezes registrou o avistamento por parte dos militares da Aeronáutica, de luzes de origem desconhecida que realizaram manobras absolutamente bem definidas através do céu noturno.

Além de ser possível chegarmos a essa conclusão pela simples conferência individual desses avistamentos, o Sargento Flávio Costa, já durante o final da 1ª Missão da Operação Prato, redigiu um relatório de encerramento das atividades daquela fase da operação, denominado Relatório de Missão / Comentários e Aspecto Psico-Social e Econômico, onde expôs a avaliação da equipe de campo perante o que presenciaram. Tal relatório é um verdadeiro tesouro para os pesquisadores, pois nos auxilia a compreender a percepção da equipe da Aeronáutica perante o fenômeno, após terem permanecido nas localidades afetadas (principalmente na ilha de Colares) por durante 03 (três) semanas de intensas atividades investigativas.

Nesse relatório, ele declara que a equipe formada por ele, pelo Sargento Almeida (codinome Luciano) e pelo Sargento Pinto, considerava que a presença de OVNIs ou “luzes” era “patente” (que não deixa dúvida, claro, evidente), movimentavam-se em altitudes e direções variadas, efetuavam manobras complexas e, principalmente, eram “inteligentemente dirigidos”.

A dificuldade das equipes militares para denominarem aqueles brilhos intrigantes que se moviam pelo céu noturno ficou muito clara nos relatórios, havendo algumas variações nos termos utilizados, mas demonstraram terem se sentido seguros com o uso do termo “corpo luminoso”.

O Cel. Camillo achava que as “luzes” eram provenientes de alguma forma de inteligência não humana, superior à nossa logicamente, mas fazendo questão de deixar claro que essa sua opinião foi construída com base em informações muito mais simples e publicamente acessíveis, do que aquilo que a comunidade ufológica geralmente supõe. Mesmo com toda sua humildade em reconhecer que tudo o que ele sabe e viu, realmente não foi suficiente para que ele “batesse o martelo” no momento de anunciar a identidade dos responsáveis pelo fenômeno, cabe a nós reconhecer que o ponto de vista de um protagonista do seu calibre é algo muito relevante.

Nos relatórios da Operação Prato existem alguns desenhos de naves de aparência exótica que podem levar os pesquisadores mais desavisados a pensarem que tais objetos foram observados pelos militares da Aeronáutica, quando na verdade eles apenas criaram esboços daquilo que algumas pessoas que se apresentaram como testemunhas lhes descreveram.

Dentro da visão dos militares, a maior exceção em relação à falta de detalhes mais contundentes em relação a esses corpos luminosos se tratou das declarações que o Cel. Hollanda fez ao longo de algumas entrevistas que concedeu nos anos de 1981 e 1997, para Bob Pratt e a Revista UFO, respectivamente, nas quais revelou uma sequência de avistamentos cujas particularidades são capazes de impressionar a qualquer ouvinte.

O evento mais fantástico por ele narrado se tratou da descrição de um acontecimento que teria ocorrido no último semestre de 1977, em relação ao qual o Cel. Hollanda alegou que teria visualizado junto com sua equipe, uma nave brilhante com um comprimento de aproximadamente 100 metros que, entre outros detalhes, possuía uma forma semelhante a uma “bola de futebol americano”, era dotada de janelas e, se deslocava através do céu noturno, às vezes realizando manobras peculiares. Inclusive, alguns pesquisadores da Operação Prato consideram as descrições deste avistamento em específico, como uma prova definitiva sobre a natureza extraterrestre do fenômeno, tamanho o impacto causado pelas declarações do Cel. Hollanda no que tange a esse acontecimento em particular.

Dessa forma, sendo o Cel. Camillo o chefe direto do então Cap. Hollanda durante aquele período, fornecemos a ele durante sua entrevista as exatas declarações feitas pelo Cel. Hollanda sobre esse impressionante avistamento, para que pudéssemos a partir daí lhe perguntar maiores detalhes sobre esse acontecimento. Como resposta a esse evento, o Cel. Camillo declarou: “Não me recordo disso. Não me lembro de nada com essa descrição”.

Conforme a equipe do operacaoprato.com já citou através de outros artigos, concluímos que esse evento relatado pelo Cel. Hollanda se sucedeu ao longo da noite de 09/12/1977 e madrugada de 10/12/1977, estando catalogado através dos registros de números 63, 65 e 66 do notório documento oficial produzido pela Aeronáutica denominado “Registros de Observações de OVNI”, que se tornou público em 2009 e, encontra-se sob a guarda do Arquivo Nacional.

O que ocorre é que as declarações fornecidas pelo Cel. Hollanda nessas entrevistas, principalmente na de 1997, a respeito dos acontecimentos daquela noite em especial, conduzem os ouvintes ou leitores a idealizarem um cenário altamente complexo, no qual o objeto teria aparentemente interagido explicitamente com a equipe militar de uma maneira jamais antes vista em qualquer outro acontecimento relacionado ao fenômeno. O Cel. Hollanda também relacionou detalhes muito específicos e importantes sobre o objeto, que inexplicavelmente não estão presentes em nenhum dos relatórios oficiais da Aeronáutica, de maneira que quando as declarações do Cel. Hollanda são confrontadas com tal documentação militar, essa indica que os avistamentos daquela noite constaram em observações bem menos explícitas e espetaculares do que normalmente é imaginado quando se considera o conteúdo das suas entrevistas.

Portanto, por mais estranho que possa parecer para alguns que o Cel. Camillo, chefe da Operação Prato, não se lembre daquele que teoricamente se trata do acontecimento mais fantástico das missões militares, isso na verdade é pertinente, pois acaba reforçando essa hipótese já consistente, no sentido de que os eventos sucedidos naquela noite possivelmente não contaram com o requinte de detalhes narrados pelo Cel. Hollanda. Nesse caso, o nosso entrevistado não teria se lembrado do acontecimento em questão, pelo simples fato de que se os eventos daquela noite não se destacaram tanto em relação às várias dezenas de outros avistamentos que chegaram ao seu conhecimento, realmente não há como se cobrar que ele se lembrasse desse evento em especial, mesmo que certamente tenha sido informado a respeito dele na época dos fatos.

Realmente acreditamos que os avistamentos daquela noite foram muito especiais para o Cel. Hollanda, mas não é possível ignorar a ausência de determinados dados nos relatórios militares e, a partir de agora, o desconhecimento do próprio Cel. Camillo, seu superior imediato, em relação à versão narrada por ele.

Ataques, sintomas e sequelas

Eis que temos aqui nosso segundo pilar, um dos temas mais polêmicos em relação à Operação Prato, que se trata do conceito de que as denominadas luzes, OVNIs ou corpos luminosos, empreenderam ataques em desfavor das populações das localidades afetadas pelo fenômeno, causando-lhes ferimentos.

Este tema nos coloca diante de um verdadeiro dilema, com diferentes fontes de informação basicamente se dividindo no apoio de duas versões divergentes.

Em apoio à existência dos ataques, sua origem está nos relatos de testemunhas que alegaram terem presenciado ou sofrido ataques provenientes do denominado “aparelho” ou “chupa”.

A existência de vítimas feridas por supostos ataques também encontra apoio nas declarações proferidas pela Dra. Wellaide Cecim, que era a médica responsável pela unidade de saúde de Colares na época dos acontecimentos. Ainda que não tenha afirmado ter presenciado a ocorrência de qualquer ataque direto contra alguém, ela confirma a presença de queimaduras de primeiro grau, dentro das quais ainda haveria pequenas marcas semelhantes a perfurações, em pessoas que se declararam vítimas do “aparelho” ou “chupa”.

Em relação à quantidade de pacientes atendidos na unidade de saúde de Colares, que se apresentaram sob a condição de supostas vítimas de ataques de “feixes de luz” que teriam sido disparados pelo denominado “aparelho”, vamos considerar como referência principal as declarações que a Dra. Wellaide fez para a própria equipe militar da Aeronáutica durante a primeira missão da Operação Prato. Naquele momento ela afirmou para os militares que havia atendido 04 (quatro) possíveis vítimas que teriam sido atingidas pelo tal “foco de luz”, de maneira que tal declaração está registrada nos relatórios oficiais da primeira missão militar.

Não há motivos para pensarmos que possa ter havido um erro no registro dessa quantidade relatada por ela para os militares da Aeronáutica. Eles se encontravam no mesmo ambiente que a médica, durante o próprio período de manifestação do fenômeno luminoso, num momento no qual as notícias de ataques contra a população já haviam se reduzido drasticamente, ou seja, não havendo razões para que essa quantidade de pacientes atendidos sob a suspeita de terem sido “queimados” pelo denominado “aparelho”, viesse a sofrer grandes aumentos a partir daquele momento.

Já em relação à quantidade de pacientes que procuraram a unidade de saúde de Colares apresentando sintomas extremos de ordem emocional, logicamente isso envolveu uma quantidade maior de pessoas. O que ocorreu, portanto, e o que ficou gravado no imaginário popular, é a falsa ideia de que a quase totalidade das pessoas que se dirigiram ao posto de saúde de Colares em decorrência do fenômeno, haviam sido “queimadas” pelo “aparelho”.

A hipótese favorecendo os ataques foi amplamente deflagrada através da imprensa. Apesar dos jornais terem contribuído para informar a população sobre os importantes acontecimentos, por muitas vezes deixaram a desejar, divulgando sob o aspecto de verdade notícias espetaculosas advindas de fontes frágeis e não checadas. Nos documentos oficiais da 1ª Missão da Operação Prato, há a seguinte menção dos militares, em relação à atuação da imprensa durante a divulgação do fenômeno: “Em sua totalidade a região onde se observou, o aparecimento de fenômenos óticos, ou Corpos Luminosos de origem desconhecida, tem por habitantes pessoas de índice cultural, sócio-econômico e sanitário dos mais baixos, aliados a crendices e formação simples, facilmente influenciados pelos meios de comunicação (imprensa), nem sempre usados por pessoas escrupulosas e à altura da informação pública…”.

Há uma foto icônica associada ao fenômeno “Chupa-chupa”, publicada originalmente através de uma reportagem do jornal A Província do Pará, edição do dia 20/11/1977, que mostra a imagem de uma marca que aparenta se tratar de um ferimento, presente na área superior do seio direito de uma senhorita chamada Aurora do Nascimento Fernandes, na época com 18 anos de idade (outras informações associadas a esse acontecimento estão presentes na edição do dia 19/11/1977 do Jornal A Província do Pará.

Em sites, palestras, documentários e outros conteúdos nos quais informações sobre o fenômeno são divulgadas, costumamos ver a foto da Srta. Aurora deitada numa rede enquanto seu ferimento, exposto, está sendo examinado de perto pelo Dr. Orlando Zoghbi, que havia sido convidado pelo próprio jornal A Província do Pará, a fim de avaliar o quadro clínico dela e, de duas outras jovens, todas residentes no bairro Jurunas, localizado à margem do Rio Guamá, sul de Belém, num momento em que as notícias de ataques do denominado “chupa” ou “aparelho” estavam presentes de maneira mais intensa nos jornais da capital paraense.

O grande problema da utilização indiscriminada dessa fotografia, que de fato aparenta mostrar um tipo de ferimento no corpo daquela jovem, é que não há evidências suficientes para ligar aquela lesão, a uma ação dos responsáveis pela perpetração do fenômeno luminoso investigado pela Operação Prato.

Outro fato que podemos perceber é que o parecer do médico que acompanhou a reportagem do jornal foi praticamente ignorada pelos pesquisadores do fenômeno, onde ele apresentou uma linha de raciocínio na qual as lesões teriam sido causadas pelas próprias unhas da jovem, motivada por fatores emocionais.

Outra voz contundente que, ao menos após o fenômeno, manifestou sua crença nos ataques, se tratou do Cel. Hollanda. Sua posição não pode ser ignorada, mesmo que tenha sido construída com base em informações que foram interpretadas de maneira diferente entre seus pares; ele também esteve lá e viu muitas coisas.

Por outro lado, temos as vozes que desamparam a crença na ocorrência de ataques durante o fenômeno. A começar, temos o nosso entrevistado, o Sr. Cel. Camillo. Está bastante claro na sua entrevista que o Cel. Camillo, durante os vários anos nos quais esteve à frente do serviço de inteligência da Aeronáutica em Belém, não observou nem recebeu informações que lhe confirmassem a presença de tais ataques, ou mesmo de sequelas, como queimaduras.

Grande parte da opinião do nosso entrevistado se deve a uma das diligências que ele fez nas áreas afetadas pelo fenômeno, principalmente na ilha de Colares, enquanto foi acompanhado por uma equipe de médicos militares da Aeronáutica, cuja participação na Operação Prato foi descoberta em primeira mão pela nossa equipe do operacaoprato.com, onde apresentamos o relatório inédito dessa missão médica e uma entrevista exclusiva com o médico mais experiente presente no local.

Essa missão na qual os médicos da Aeronáutica acompanharam o Cel. Camillo, apesar de curta, foi extremamente proveitosa a fim de se avaliar informações envolvendo ataques, sintomas e sequelas. O Cel. Camillo, junto do Dr. Ernesto Póvoa, que era um experiente psiquiatra e, também na companhia do Dr. Augusto Sérgio Santos de Almeida, puderam ver com seus próprios olhos o que estava acontecendo, onde avaliaram pessoalmente o estado de saúde de várias pessoas que alegaram terem sido atacadas pelo “chupa”, sendo que duas delas se apresentaram alegando que o suposto ataque havia ocorrido há poucos minutos antes.

Logicamente que a equipe médica detalhou para o Cel. Camillo em tempo real tudo o que percebiam e, isso foi fundamental para as suas conclusões. Portanto, o parecer do Cel. Camillo, como também do médico psiquiatra Dr. Ernesto Póvoa e, do também médico, Dr. Augusto Sérgio Santos de Almeida, não oferecem amparo à ocorrência de ataques ou presença de sequelas na pele das vítimas, pois, não viram ataques e, quanto a sequelas, o Dr. Póvoa, que havia avaliado vários moradores, conforme o próprio relatório sigiloso anunciou, respondeu o seguinte durante sua entrevista para nossa equipe, ao ser perguntado sobre os ditos ferimentos em tese provenientes desses supostos ataques: “Não eram ‘ferimentos feitos pelas luzes’, elas (pessoas) é que diziam isso. Como eu falei antes, a gente via algumas marcas de picada no pescoço, mais nada, e a pessoa muito estressada, com taquicardia”.

Outro conteúdo de peso que não oferece amparo a ataques e sequelas se trata dos próprios relatórios militares produzidos pela Aeronáutica. No já mencionado “Relatório de Missão / Comentários e Aspecto Psico-Social e Econômico”, o Sargento Flávio Costa, em nome do restante da equipe que ele chefiava, após já ter permanecido por durante quase 03 (três) semanas nas áreas dos eventos, registrou o seguinte: “As ‘luzes’, continuam a aparecer e o que é de pasmar, obedecendo a um ‘horário’, os populares já não se mostram tão assustados. Porém ainda permanece a dúvida, o ‘monstro’ criado pela Imprensa – o ‘chupa’, em sua ação de sugador de sangue (possivelmente não verdadeira), deixou marcada naquelas mentes: o pavor e uma imagem distorcida e adversa da realidade.

O trecho acima está contido em relatório oficial e é de fundamental importância, devendo ser lido e compreendido com sabedoria. A equipe militar, que estava in loco conferindo todos os detalhes do fenômeno e, certamente tinha total ciência da cobertura dos jornais, creditou à imprensa uma grande responsabilidade na difusão da ideia de haver uma espécie de “monstro” operando naquelas localidades, incorporado pelo temido “chupa”, espalhando a sensação de medo e insegurança no interior daquelas localidades.

Outro aspecto para o qual devemos nos atentar neste trecho em específico desse relatório militar, é que quando ele menciona que a ação “sugadora de sangue” atribuída ao denominado “chupa”, é “possivelmente não verdadeira”, logicamente que tal afirmação também inclui outras formas de “ataque” atribuídas ao denominado “chupa”, como por exemplo, o disparo de “feixes de luz” que causariam queimaduras.

O na época Sargento Almeida, atualmente Suboficial, que esteve presente durante várias semanas compondo a equipe militar de campo da Operação Prato, a exemplo do Cel. Camillo, também foi recentemente localizado de maneira inédita pela nossa equipe do operacaoprato.com, após permanecer em silêncio por mais de 40 anos. Ele nos concedeu uma entrevista exclusiva, na qual expôs algumas informações que acrescentaram-se aos relatórios. O SO Almeida apresenta um posicionamento semelhante àquele adotado pelo Cel. Camillo, ou seja, apresenta consistente convicção na questão da artificialidade do fenômeno luminoso, considerando que este era controlado de maneira inteligente, onde ao mesmo tempo também não observou indícios de que ataques tenham sido infligidos contra a população, também não tendo verificado a presença de sequelas naquelas pessoas.

Neste momento há algo importante que devemos salientar. Levando-se em consideração as características das descrições dos ferimentos que foram noticiadas através de alguns pesquisadores do fenômeno, pela imprensa e, pela própria Dra. Wellaide, deveríamos estar diante de queimaduras nítidas e bem definidas, que deveriam ser claramente identificadas até mesmo pelos olhos de um leigo em assuntos médicos, como por exemplo, o Suboficial Almeida, que passou semanas em Colares avaliando a população. Entretanto, nesse caso ocorreu o contrário disso, pois, quando perguntamos ao Suboficial Almeida se ele chegou a entrevistar alguma pessoa que se disse “atacada” em decorrência do fenômeno, ele respondeu: “Várias”. Em seguida lhe perguntamos se algumas dessas pessoas apresentavam algum tipo de “marca”, no que ele respondeu: “Não. Na época, não”.

Uma possível explicação para essa total oposição de opiniões em relação à ocorrência ou não de ataques e sequelas, se trataria de um contexto no qual os responsáveis por controlar as “luzes”, que independentemente de quem fossem, logicamente também possuiriam condições de avaliar o cenário em solo caso assim desejassem, pudessem ter contido suas ações durante a presença dos militares. Isso logicamente teria impedido que os militares tivessem percebido tais ataques, mas, de maneira alguma, essa atitude furtiva teria sido capaz de evitar as queimaduras que deveriam ter permanecido na pele dessas possíveis vítimas. Portanto, se durante a ocorrência do fenômeno, as notícias de ataques andaram lado a lado com as notícias de queimaduras, deveria haver muitas marcas de queimaduras em meio às populações atingidas, o que definitivamente não ocorre.

Até mesmo se efetuarmos uma conferência individual dos dados lançados nos relatórios oficiais da Aeronáutica, perceberemos que apesar dos militares terem entrevistado várias dezenas de testemunhas e possíveis vítimas relacionadas ao fenômeno e, apesar de alguns relatos dessas testemunhas terem acusado a perda de parte de suas capacidades motoras após terem sido alvejadas pelo que geralmente descreviam como “feixe de luz”, apenas em 02 (dois) casos há relatos de queimaduras após um suposto contato com um feixe de luz; há um terceiro caso no qual há a declaração da existência de uma queimadura, sem entretanto haver referência ao suposto feixe de luz.

Isso sugere que apesar da ideia de haver uma espécie de “monstro causador de sequelas” estar amplamente inserida na mente das populações das localidades afligidas pelo fenômeno luminoso, quando aquelas pessoas que seriam as principais testemunhas dos acontecimentos foram procuradas e entrevistadas, suas próprias declarações não foram capazes de sustentar as versões que defendiam essa manifestação “invasiva” do fenômeno, que segundo o imaginário popular, estaria violando o corpo e, consequentemente, a intimidade física daquelas pessoas.

Mesmo que a questão envolvendo a existência ou não de sequelas físicas como queimaduras, requeiram um debate à parte, podemos abordar um grupo específico de sintomas em relação aos quais há uma maior concordância em relação aos principais personagens que tiveram contato com pessoas que se declararam como vítimas do fenômeno.Nesse contexto, devemos separar os sintomas que foram autodeclarados, das impressões ou constatações feitas pelos profissionais que avaliaram ou examinaram essas pessoas.

As possíveis vítimas queixaram-se de sintomas como: rouquidão, paralisia de membros superiores e inferiores, perda de força, mudez, calafrios, tonturas, sensação de calor, cefaléia (dor de cabeça), etc.

O Dr. Póvoa e o Dr. Augusto Sérgio, que acompanharam o Cel. Camillo, diagnosticaram os pacientes como apresentando:taquicardia, abalos musculosos, taquisfigmia (pulso rápido e cheio), taquipneia (respiração rápida), crise de choro, sensação de calor, distúrbios de fala (tartamudez-gagueira) e se apresentavam em “atitude fetal”, ou seja, tendiam a fletir os braços e pernas (flexionar) quando se deitavam.

A Dra. Wellaide apresentou para seus pacientes um diagnóstico baseado em crise nervosa e paresia (amortecimento parcial do corpo), hipertermia e cefaleia.

Quanto aos principais militares da equipe de campo da Operação Prato, estes também demonstraram a percepção de sintomas como perda da mobilidade corporal, perda da voz, calafrios, tonturas, taquicardia, tremores, cefaléia e amortecimento.

Sobre a imprensa, esta também relatou sintomas compatíveis com os descritos acima.

Portanto, fica claro que, tanto para os militares, como para os profissionais de saúde, ou testemunhas, ou qualquer um que tenha acompanhado uma sequência razoável dos acontecimentos, a presença de sintomas é indiscutível. Há divergência apenas na opinião dessas partes, em relação à etiologia desses sintomas, ou seja, ao que os causou.

Definitivamente, o alicerce que suporta a versão deque os sintomas apresentados por aquelas pessoas foram originados a partir da ação do disparo de “feixes de luz” por algum tipo de mecanismo artificial, é bem mais frágil do que normalmente se supõe, de modo que há possibilidades consistentes de que isso não tenha ocorrido. Entretanto, se ocorreu, definitivamente trataram-se de casos esporádicos e pontuais.

Considerando-se como verdadeira a premissa de ataques, por mais estranho que possa parecer, há alguns estudos científicos que defendem que algumas formas de energia que podem ser artificialmente produzidas, são capazes de produzir efeitos semelhantes a alguns dos sintomas atribuídos às possíveis vítimas do fenômeno.

O cientista e ufólogo francês Jacques Vallée, através do seu livro “Confrontos” (Confrontations: A Scientist’s Search for Alien Contact), lançado em 1991, após ter pesquisado o fenômeno “Chupa-chupa”, incluindo os sintomas das possíveis vítimas de ataques, apresentou uma hipótese na qual aquilo que as testemunhas descreveram como “feixes de luz” disparados pelo denominado “chupa” ou “aparelho” no momento dos supostos ataques, poderia na realidade se tratar de uma complexa combinação entre radiações ionizante e não ionizante, de maneira que os ferimentos descritos poderiam ser derivados da ação do disparo de microondas pulsadas de alta frequência, haja vista que esse tipo de energia seria capaz de interferir no sistema nervoso central humano.

A parte teórica que envolve essa hipótese é muito extensa e complexa, tornando-se inviável descrevê-la detalhadamente neste artigo, mas trata-se de um campo de pesquisa praticamente inexplorado dentro do fenômeno alvo da Operação Prato. Esses estudos e testes estão ocorrendo há várias décadas, liderados principalmente pelos governos dos Estados Unidos e dos países do extinto bloco soviético, principalmente a Rússia, onde salientamos que o fato de tal tecnologia já ser conhecida pelo meio científico e militar durante a época do fenômeno, não elucida a dúvida sobre se sua origem é terrestre ou extraterrestre; apenas esclarece que as superpotências mundiais se interessavam pelo tema e estavam pesquisando seus fundamentos.

Já se considerando a premissa de que os sintomas foram totalmente originados a partir de fatores psicológicos, a descrição mais completa para tal contexto foi elaborada pelo aqui já mencionado relatório médico elaborado pelo psiquiatra Dr. Póvoa, no qual descreveu sua conclusão sobre os sintomas, que é a seguinte: “Utilizando os sintomas referidos por estas 2 pessoas, e extrapolando para o resto da população, uma vez que os relatos eram idênticos, diferindo somente em detalhes, pode-se concluir que trata-se de uma reação fisiologicamente normal, denominada descarga adrenérgica, que acomete pessoas diante de ocasiões de luta, fuga ou medo. É o resultado da colocação em circulação, pelas glândulas supra-renais de uma substância chamada adrenalina que provoca todos os sintomas citados, e mais alguns como pele fria, seguido de sensação de calor e palidez. Essas pessoas sentem medo porque estão-se deparando com fatos inusitados, inéditos para elas, provocando temor de que acontecerá algo com elas. Em virtude de todos se conhecerem, a comunidade representa uma grande família; esses sintomas são transmitidos e boca-em-boca, e, de forma epidêmica ‘compartilhados’ por todos os moradores, circulando um clima de histeria coletiva”.

Portanto, nossa avaliação em relação a esse tema, é que uma das chaves para se esclarecer a origem do fenômeno pode estar numa melhor compreensão dos sintomas que, infelizmente, foram deixados em segundo plano nas últimas décadas.

“Histeria Coletiva” e “Fenômenos Atmosféricos” também são defendidos por alguns pesquisadores como sendo os responsáveis pelo fenômeno mas, por mais que ambos possam ter ocorrido em alguma escala, tendo causado algum impacto na difusão do medo que se espalhou por aquelas comunidades, definitivamente não são a origem principal dos fatos, que contam com ações nitidamente “orquestradas” por autores dotados de recursos e inteligência.

Agente do CISA

Através apenas de uma simples informação, o Cel. Camillo também foi capaz de esclarecer um dos grandes mistérios da Operação Prato. No dia 11 de novembro de 1977, enquanto o fenômeno ainda era ativo, mas, de acordo com o Sargento Flávio, a população de Colares já havia “aprendido a conviver com o problema” do fenômeno, a equipe da Aeronáutica retornou para Belém, abandonando por duas semanas as localidades atingidas, retornando apenas em 25/11/1977.

Neste retorno, que constou numa espécie de “2ª Missão” da Operação Prato, havia uma novidade, que se tratava da presença de um membro do na época CISA BR (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica, sediado em Brasília).

Resumindo, o CISA se tratava da elite do serviço secreto da Força Aérea Brasileira, diretamente ligado ao alto-escalão do governo militar e, o envio de um dos seus agentes para aparentemente chefiar essa segunda missão da Operação Prato, deu margem para várias especulações no sentido de que a alta cúpula militar estava seriamente interessada nos assuntos envolvendo o fenômeno luminoso, talvez até mesmo dando as cartas nas ações envolvendo a Operação Prato.

O entrevistado, além de se manifestar no sentido de que o Estado Maior da Aeronáutica e os demais componentes do alto escalão militar na capital federal, “não demonstravam muito interesse” pelo fenômeno investigado pela Operação Prato, também nos explicou que na realidade, a presença do agente do CISA, denominado “George” (possivelmente codinome), se deu através de um pedido feito por ele próprio, o Cel. Camillo,e por um motivo bem mais simples do que geralmente era imaginado, ou seja, para amparar a equipe militar de Belém numa dificuldade técnica, neste caso, para melhorar a eficiência na gravação de vídeos da manifestação do fenômeno, onde de fato os relatórios demonstram que nesta ocasião, os militares contavam com uma câmera Super 8 bastante moderna para a época, que tratava-se de uma Canon modelo 514.

Envio de aeronaves da FAB para interceptar as “luzes”

Na época do fenômeno, a Base Aérea da Aeronáutica em Belém já sediava uma unidade operacional denominada “1º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque”. Conforme o próprio nome já demonstra, essa unidade possuía aeronaves militares capazes de, literalmente, “reconhecer” e/ou “atacar”, qualquer coisa que ameaçasse a soberania nacional.

O principal local de ocorrência do fenômeno foi a ilha de Colares que, em termos aéreos, se encontrava a apenas algumas dezenas de quilômetros de distância dessa base da Aeronáutica, que possuía essas aeronaves de combate. Portanto, qualquer uma dessas aeronaves que decolasse dessa base aérea em Belém, precisaria apenas de poucos minutos para alcançar o espaço aéreo da ilha de Colares.

O fenômeno durou vários meses e, durante sua ocorrência, os próprios militares da Aeronáutica informaram através dos relatórios que o fenômeno luminoso era real e que tais luzes aparentavam ser “inteligentemente dirigidas”; foram essas as palavras utilizadas pelo Sargento Flávio.

De acordo com os relatórios militares conhecidos, a única participação de uma aeronave da Aeronáutica durante as investigações da Operação Prato não se tratou de um avião de combate, mas sim de um helicóptero, que se tratou justamente da aeronave que levou o Cel. Camillo e o então Capitão Hollanda para a ilha de Colares no dia 01Nov1977.

Somado a isso, basta lembrar que estávamos sob a autoridade de um governo militar, que concedia amplos poderes e recursos para o Exército, Marinha e Aeronáutica.

Dessa forma, o fato de não haver qualquer indício de que o esquadrão aéreo em Belém tenha enviado ao longo dos meses qualquer aeronave, nem mesmo para “reconhecer” a origem daquelas luzes que aterrorizavam as populações daquelas localidades, causa-nos estranheza.

O Cel. Camillo então explicou que a não utilização deste tipo de abordagem se deveu a questões estratégicas, pois, por aquilo que avaliaram, a abordagem correta deveria ser realizada por terra.

Isso passa a fazer algum sentido quando passamos a considerar que a Aeronáutica, mesmo após vários meses de investigação, jamais demonstrou ter encontrado qualquer evidência conclusiva indicando que os responsáveis pelo fenômeno estavam atacando a população. Entretanto, alguns pesquisadores certamente não concordarão com essa estratégia mais passiva em relação às denominadas “luzes”, visto que os próprios militares que estavam em campo admitiam que algo que “resistia” a se permitir ser identificado, estava operando no espaço aéreo brasileiro.

Teste de população

Conforme mencionado acima, no dia 01 de novembro de 1977, o Cel. Camillo desembarcou de helicóptero na ilha de Colares, acompanhado do então Capitão Hollanda; inclusive, essa foi a primeira participação oficial de Hollanda nas investigações do fenômeno.

De acordo com os relatórios, cerca de duas horas após o helicóptero ter pousado, o Cel. Camillo, outros militares e também moradores da ilha viram uma “luz” cruzando o céu.

Dez minutos depois desse evento, o helicóptero levantou voo. Nos relatórios militares da missão, ao lado do texto que descreve a decolagem desse helicóptero, há a seguinte informação, escrita entre parênteses: “TESTE DE POPULAÇÃO”.

Helicóptero UH-1H Bell Huey da FAB

Quinze minutos após a decolagem do helicóptero, os relatórios militares relatam que o Cel. Camillo ouviu o relato de duas testemunhas; uma senhora chamada “Claudomira Paixão” e, um pescador chamado Elias de Oliveira, cujo apelido era “Fi”. A senhora Claudomira alegou ter sido atacada pela luz do chupa-chupa e ter seu seio sugado pela luz. Ainda em relação à senhora Claudomira, consta no relatório que ela foi levada ao IML de Belém. (Consta que foi feita uma incisão e constatada uma área levemente queimada, além de um sinal na mão direita)

Continuando, os relatórios indicam que nessa mesma noite, o helicóptero retornou para Belém, enquanto o Capitão Hollanda e outros militares permaneceram na localidade.

Por causa desse nome tão específico, ou seja, “Teste de População”, alguns pesquisadores do fenômeno deduziram que o helicóptero decolou não para perseguir a tal “luz”, tendo em vista que ela já havia passado pelo céu há 10 minutos, mas sim para testar a população local, para testar se essa população iria confundir o helicóptero com uma das denominadas “luzes voadoras”. Neste momento, não se conhece a existência de qualquer relatório militar que contenha os resultados desse teste, nem confirmando ou esclarecendo seu objetivo, apenas consta sua aplicação.

O Cel. Camillo então veio a confirmar a suspeita mais lógica ao alcance dos pesquisadores. Declarou que ele próprio decidiu executar o teste, para saber se a população confundiria o helicóptero com as tais “luzes”. Como resultado do teste, o Cel. Camillo explicou que a população não foi confundida pelo helicóptero.

Avião Netuno

Foto gentilmente cedida por Rudnei Cunha
http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/br/p-15.html

Uma das grandes novidades que nos foram trazidas através da entrevista, se tratou de um fato em relação ao qual o público não possuía o mínimo indício da sua existência, que foi a utilização de uma aeronave de patrulha marítima a fim de investigar notícias trazidas pelos pescadores das regiões atingidas pelo fenômeno, no sentido de que teriam visualizado um “objeto” que estaria se movendo dentro das águas que banhavam aquelas localidades. Apesar dos registros da Operação Prato indicarem uma absoluta prevalência de avistamentos de corpos luminosos se deslocando através do céu noturno, de fato há alguns relatos de testemunhas, principalmente de pescadores, constantes inclusive nos relatórios militares, que declararam terem visto “luzes” ou “objetos” se movendo sob as águas. Apesar desses relatos, não há qualquer registro nos relatórios oficiais que indique que os militares da Força Aérea Brasileira tenham presenciado um acontecimento dessa natureza.

Uma exceção poderia de tratar de um trecho presente numa das entrevistas que o Cel. Hollanda concedeu para Bob Pratt, publicada na edição de abril de 1999 do Ufo Journal Mufon, onde declarou que em certa ocasião, um dos sargentos da Aeronáutica lhe acordou, dizendo que eles tinham fotografado um “disco voador” mergulhando para dentro da água, próximo de um barco. Ainda segundo o Cel. Hollanda, algumas semanas depois, ele próprio viu uma “luz” azul que estaria próxima de um barco de pesca, de maneira que essa “luz” teria rodeado esse barco por uma ou duas vezes, a uma distância de aproximadamente 300 (trezentos) metros, onde então essa “luz” teria mergulhado nas águas.

Nossa equipe realizou uma conferência nos relatórios militares a fim de identificarmos os registros correspondentes a esses dois avistamentos narrados pelo Cel. Hollanda, haja vista que no nosso entendimento, ambos possuíam relevância suficiente para serem incluídos nos relatórios militares. Entretanto, não encontramos qualquer registro compatível com esses acontecimentos.

Quanto ao nome Netuno (P-15 Netuno), trata-se da designação genérica de um grupo de 14 (quatorze) aeronaves do modelo “P2V-5 Neptune”, projetado pela empresa norte-americana Lockheed, que foram adquiridas pela Força Aérea Brasileira no final da década de 1950, junto à Royal Air Force (Força Aérea britânica), onde antes disso, foram recondicionadas nos Estados Unidos.

Além de um poderoso holofote, ela era dotada de um radar “AN/APS-20”, capaz de detectar alvos na superfície do mar, como navios e os dispositivos snorkel de submarinos (conjunto de mastros e tubulações para admissão de ar e exaustão de gases, permitindo ao submarino operar seus motores diesel em profundidade periscópica) e, também de um radar do tipo “AN/ASQ-8 (MAD)”, capaz de detectar as anomalias magnéticas provocadas pela presença de submarinos, mesmo que submergidos (era com essa tecnologia que o Cel. Camillo contava quando solicitou o apoio de uma aeronave de patrulha marítima).

Neste momento, nos deparamos com um conflito nos registros históricos, que sugerem que essa missão originada a partir de uma solicitação do nosso entrevistado, em busca de possíveis OSNIs (Objetos Submarinos Não identificados), pode ter contado com o amparo de determinadas ações e autorizações que fugiram um pouco dos procedimentos protocolares normalmente seguidos pela Aeronáutica.

Ocorre que oficialmente, o último voo oficial de um P-15 Netuno pela Força Aérea Brasileira ocorreu no dia 03 de setembro de 1976 (P-15 Netuno 7009).Foram dois os principais motivos que levaram à desativação dos P-15 pela Força Aérea Brasileira. O primeiro era o consumo excessivo de combustível (a gasolina de aviação naquela época era caríssima e escassa, ainda em vista da alta do preço do petróleo após a Guerra do Yom Kippur em 1973) e, o segundo, se tratava simplesmente das dificuldades para se adquirir suas peças de reposição.

Dessa forma, tendo em vista que as missões militares da Operação Prato pelo I COMAR se iniciaram oficialmente em 20 de outubro de 1977, para uma dessas aeronaves P-15 Netuno ter realizado essa missão em particular, deveria ter havido um esforço notável por parte da equipe de mecânicos da Base Aérea de Salvador, a fim de colocar no ar uma aeronave que estava há mais de 01 (um) ano sem realizar voos regulares, além é claro, da autorização de um militar de alta patente, capaz de superar as dificuldades burocráticas que logicamente se fariam presentes num caso como esse, ainda mais pelo fato de que aquela base aérea estava sob a autoridade do II COMAR, sediado em Recife/PE.

Outra possibilidade que identificamos, se trata da hipótese de que o Cel. Camillo tenha confundido o nome de aeronave, haja vista que no momento do seu último voo oficialmente conhecido, em 1976, as aeronaves Netuno já estavam a quase 20 anos realizando os patrulhamentos marítimos no território brasileiro.

Para incentivar a indústria nacional, a aeronave substituta para o patrulhamento marítimo nacional tratou-se de um modelo idealizado pela Embraer, no caso, o EMB-111 Bandeirante Patrulha (Bandeirulha), que após ser desenvolvido rapidamente, iniciou seus testes para aceitação na Força Aérea Brasileira durante o mês de agosto de 1977, de maneira que apenas no dia 11 de abril de 1978, uma unidade da Aeronáutica, exatamente a Base Aérea de Salvador, recebeu as primeiras unidades dessa aeronave, já plenamente testadas e, também equipadas com aparelhos capazes de detectar a presença de objetos subaquáticos.

Portanto, caso o Cel. Camillo tenha confundido uma aeronave Bandeirulha com uma Netuno, o mais provável é que essa missão tenha ocorrido a partir do mês de abril de 1978, onde as missões relacionadas à Operação Prato, apesar de mais esparsas, ainda existiam. Entretanto, se ela ocorreu durante os meses finais de 1977, quando o fenômeno era mais ativo, isso significaria que a busca pelos objetos submersos relatados pelos pescadores fez parte dos testes pré-operacionais do EMB-111 Bandeirante Patrulha.

Apesar dessa dúvida, o mais importante nesse caso é que o Cel. Camillo já foi capaz de nos adiantar que apenas algumas embarcações naufragadas foram encontradas pela aeronave de patrulha utilizada.

Vídeos sobre o fenômeno

Em relação à Operação Prato, entre os esclarecimentos que parecem ser mais tangíveis, a disponibilização dos vídeos das missões operacionais que foram gravados pelas equipes militares é o principal objeto de desejo dos aficionados pelo fenômeno. É inegável que alguns vídeos foram gravados; inclusive nossa equipe já publicou um artigo demonstrando suas existências.

A questão é que já se passaram mais de 40 (quarenta) anos desde a Operação Prato e, mesmo após a revelação dos mais diversos conteúdos sobre as missões militares, nenhum desses vídeos veio a público.

Alguns consideram que caso eles sejam revelados algum dia, com o nosso conhecimento atual, poderemos ser capazes de definir a identidade dos autores por trás do fenômeno.

No entanto, uma declaração do chefe da Operação Prato,mencionando que os vídeos aos quais ele teve acesso, não mostravam imagens conclusivas, é algo a se considerar. Possivelmente eles realmente não sejam tão determinantes quanto supomos, o que não significa que devemos parar de buscá-los com empenho, mas sem nos esquecer entretanto das outras linhas de investigação.

Participação de outros países nas investigações

Vez ou outra, surgem algumas notícias provenientes de pesquisadores independentes declarando que os militares brasileiros contaram com o apoio do governo norte-americano nas investigações da Operação Prato, seja oferecendo suporte, equipamentos, ou até mesmo assumindo as investigações. Até o presente momento, nenhuma dessas menções foram apresentadas junto a elementos mais sólidos.

O Cel. Camillo, mesmo tendo permanecido durante anos à frente da seção de inteligência do I COMAR, não se lembrou da interferência ou apoio de qualquer outro governo no âmbito das investigações.

Conclusão

O principal legado da entrevista do Cel. Camillo foi o de nos trazer uma nova perspectiva sobre a Operação Prato e o enigmático fenômeno que ela investigou. Certamente é mais confortante imaginar que algum dia, a Força Aérea Brasileira disponibilizará algum documento ultrassecreto que irá esclarecer todas as nossas dúvidas sobre esses acontecimentos, mas temos de encarar a possibilidade altamente plausível de que, mesmo com a apresentação dos vídeos, nossa Aeronáutica realmente pode não ter muito mais a oferecer para saciar nossa sede de conhecimento. Conforme já dissemos, há uma imensa gama de dados já disponíveis, obtidos por pesquisadores resilientes ao longo das últimas décadas a quem devemos nossa gratidão e, sua assimilação torna-se indispensável para que possamos encontrar os caminhos mais prósperos que nos conduzirão ao topo do conhecimento que está ao nosso alcance.

*A entrevista com o Cel. Camillo foi realizada nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2017.

Autores do artigo: Raphael Pinho (entrevistador), Ricardo V. de Barros, Luiz Fernando, Hélio A. R. Aniceto, P.A. Ferreira e M.A. Farias.

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