DOCUMENTOS OFICIAIS

O objetivo deste texto é proporcionar aos pesquisadores da Operação Prato e dos fenômenos a ela associados, uma melhor compreensão sobre a história e significado dos diversos documentos militares referentes as investigações realizadas, em sua grande maioria produzidos pela Força Aérea Brasileira, que surgiram ao longo das últimas décadas.
Considerando que o vasto conjunto de documentos, atualmente conhecidos, foram disponibilizados para o público através de fontes, maneiras e épocas diferentes e, que geralmente foram revelados em seu estado bruto, dificultando as vezes a compreensão de alguns dos seus aspectos mais importantes, realizamos este trabalho a fim de subsidiar os pesquisadores do fenômeno para que consigam compreender a conexão existente entre os vários documentos gerados através das investigações militares. O presente trabalho foi elaborado pela equipe do WWW.OPERACAOPRATO.COM.

Os Documentos Liberados e Vazados

Os primeiros alertas sobre insólitos acontecimentos nas regiões da Baixada Maranhense e do nordeste do Pará vieram pelos jornais. Há também menção a pelo menos uma rádio,1 a Marajoara (PA) e telejornais da capital São Luís (MA)2 que também difundiram informações sobre OVNIs, raios, queimaduras, vampiros e mortes. Temos hoje como resgatar um grande número de artigos e reportagens de jornais sobre esses acontecimentos no período de 1977 e 1978, que se tornaram documentos históricos e que não se devem considerar como transmissores imparciais ou neutros dos acontecimentos nem como fontes desprezíveis, mas como instrumentos de manipulação de interesses e intervenção social.3 

Foi esse amalgama de artigos e reportagens que influenciou em grande parte a opinião do povo simples dos povoados, pequenas cidades e bairros populares de Belém, bem como dos núcleos urbanos mais desenvolvidos e cultos. Esse poder dos meios de comunicação foi relatado pelo sargento Flávio Costa a seus superiores em novembro de 77, escrevendo que a região tinha por habitantes pessoas de nível de econômico e cultural muito baixos, dados a crendices e “(…) facilmente influenciados pelos meios de comunicação, nem sempre usados por pessoas escrupulosas”.4 Uma relação completa desses documentos de jornais foi catalogada e publicada pela primeira vez no excelente livro do pesquisador Daniel Rebisso Giese, Vampiros Extraterrestres na Amazônia, de 1991. Hoje, podem ser encontrados seus fac-símiles na quase totalidade aqui mesmo nesse sítio.

Além de artigos e reportagens, a Operação Prato deixou uma longa lista de documentos e registros ao longo de quarenta anos de história. E nada indica que outros inéditos não venham a nos surpreender. O acervo é composto por documentos oficiais liberados pela Força Aérea Brasileira – FAB e documentos do Serviço Nacional de Informações – SNI liberados pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, todos sob guarda do Arquivo Nacional. Temos os documentos vazados não chancelados oficialmente, e imagens fotográficas, algumas de origem incerta. Existem outras fontes de apoio à análise da documentação disponível, principalmente entrevistas dadas por membros militares envolvidos diretamente no trabalho de campo, publicadas em livros ou periódicos, de fonte fiável.

A primeira publicação a trazer material daquela misteriosa e nacionalmente pouco conhecida operação na Amazônia, foi a revista Ufologia Nacional e Internacional de meados de 1985, com fotos de supostos OVNIs obtidas pelos militares.5  Foi o primeiro vazamento de muitos que viriam. A Revista UFO publicou que tais fotos vieram de uma fonte militar (edição 54 de outubro de 1997). Ademar José Gevaerd, chairman da Revista UFO e principal receptor e divulgador do material vazado durante as décadas de 80 e 90, em 2013 declarou ao pesquisador Rafael Antunes Almeida: 6

“(…) os primeiros vazamentos surgiram ainda nos anos 80, creio que entre 1982 e 1985, para um grupo de pesquisas ufológicas já extinto de Belém. Em uma viagem para lá, conheci pessoas que tinham cópias do material e outras que tinham até mesmo páginas e fotos originais. Eu pude examinar tudo aquilo e fazer fotos das fotos (…)”

A imprecisão na determinação exata da origem de documentos vazados não deve preocupar, fazem parte do segredo envolvido em situações de revelação de material secreto governamental e o respeito ao sigilo da fonte do jornalista é sagrado. Em 1992, por exemplo, foi abandonada uma caixa na portaria do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, com importantes documentos do extinto Sfici, Serviço Federal de Informações e Contrainformações, fundado pelo presidente Juscelino, fazendo hoje parte do acervo da instituição. A autenticidade do material vazado da Operação Prato, independente da idoneidade das fontes, pode ser atestado pelo confronto com o material oficialmente liberado, como veremos adiante.

Houve uma rachadura anterior à reportagem de 1985 na couraça do sigilo oficial sobre o assunto, quando em 1981, um ativo participante da operação, o então major Uyrangê Hollanda, concedeu entrevista ao jornalista estadunidense Bob Pratt,7 mas suas revelações não causaram impacto nos anos seguintes, pois a entrevista foi publicada somente em 1996 em língua inglesa no livro UFO Danger Zone: Terror & Death in Brazil. Posteriormente em 2003 ganhou uma tradução em língua portuguesa.8

Em 1991, houve o primeiro substancial vazamento de documentos militares da Operação Prato, no caso, páginas de relatórios elaborados pela FAB, que foram publicados em setembro de 1991 pela revista UFO Documento. Essas páginas hoje são identificadas como o relatório da Primeira Missão, entre 20/10 a 11/11/77. A FAB abriu uma investigação, chegando a atribuir ao sargento Flávio Costa, que junto a Hollanda participou ativamente da operação e estava na reserva desde 1984, a responsabilidade pelo vazamento.A. J. Gevaerd, à época editor da UFO Documento declarou a Rafael A. Almeida:

(…) caía anonimamente na minha caixa postal, ainda lá em Campo Grande, isso nos anos 80 e 90, algumas páginas da documentação toda da Operação Prato. Eram páginas ora sortidas e sem fazer muito sentido separadas, ora sequências de páginas que configuravam partes concisas de documentos. Eu fui juntando tudo até que, coincidentemente ou não, na época da entrevista com o Hollanda, em 1997, recebi um calhamaço de umas 200 páginas da Operação Prato de uma fonte civil do Rio. ”

A partir de 1997, após as históricas entrevistas do então coronel Uyrangê Hollanda para Ademar José Gevaerd e Marco Antônio Petit da Revista UFO, a comunidade de ufólogos, pesquisadores e interessados em ufologia, passaram a ter acesso a uma grande quantidade de material classificado como vazado.

Em 2004, uma exitosa campanha foi iniciada pela liberdade de informações sobre objetos voadores não identificados, recolhendo milhares de assinaturas,10 capitaneada pela Comissão Brasileira de Ufólogos – CBU, com frutos colhidos a partir do ano de 2008.

Em 5 de maio de 2008, foi encaminhado ao Ministério da Defesa ofício do Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, recomendando providências para acesso público à documentação referente a OVNIs, conforme solicitação da CBU, que fosse passível de desclassificação de seu grau de sigilo ou material não sigiloso ou que tivesse sido vencido seu prazo de sigilo, e posterior envio ao Arquivo Nacional.11

Em 31 de outubro de 2008, o Arquivo Nacional no Distrito Federal recebeu do Centro de Documentação da Aeronáutica – CENDOC, um primeiro conjunto de publicações compiladas, do período 1952-1969, relativo a OVNIs. Em 23 de abril de 2009 novos lotes foram liberados e finalmente apareceram os primeiros documentos sobre a operação militar no Pará. Outros lotes de documentos foram liberados ao longo do tempo e no sistema de informações do Arquivo Nacional encontramos documentos digitalizados de anos recentes.

Os documentos recebidos pelo Arquivo Nacional são organizados em fundos, um deles passou a ser o Fundo BR DFANBSB ARX – objeto voador não identificado (ovni). Ele está associado ao órgão FAB-CENDOC.

Os documentos BR DFANBSB ARX que são ligados a Operação Prato são os seguintes:

Figura 1 – Recorte de página de consulta do SIAN (Sistema de Informações do Arquivo Nacional), com documento BR DFANBSB ARX 184.
Figura 2 – Recorte de página de consulta do SIAN (Sistema de Informações do Arquivo Nacional), com documento BR DFANBSB ARX 197.

O documento “Registros de Observações de OVNI” (ARX 184) é a joia da coroa de todo o acervo oficial e vazado. Foi elaborado a partir dos dados coletados pelo Primeiro Comando Aéreo Regional – I COMAR, a pedido formal do Estado Maior da Aeronáutica, – EMAER, que seguiu recomendações do Ministro da Aeronáutica Joelmir Campos de Araripe Macedo, que recomendou a criação de um “Registro de OVNI”, envolvendo todos os COMAR. O Comandante do I COMAR, brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, respondeu a solicitação em 14/02/1979 (ARX 197) através de oficio ao Chefe do EMAER enviando uma “pasta colecionadora” com 130 registros de OVNI, catalogados entre 02/09/77 a 28/11/78.

Numa verdadeira onda de documentos, ainda em 2009, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência – GSI, liberou dezenas de páginas de documentos do antigo Serviço Nacional de Informações – SNI sobre a operação no Pará.12 Alguns documentos são muito similares aos vazados outros inéditos, mas continha uma outra joia para a coroa da documentação OP: um informe da Agência do Serviço Nacional de Inteligência – SNI para a Agência Central do SNI em Brasília.

Uma observação importante: os arquivos GSI/SNI não estão na base de dados do Sistema de Informações do Arquivo Nacional – SIAN, portanto, não podem ser acessados eletronicamente como os demais documentos. Eles não pertencem ao fundo OVNI/FAB-CENDOC. Eles são atrelados ao SNI e a ditadura, que é um outro fundo ainda não disponível no SIAN. Para nossa sorte, todos esses arquivos do GSI/SNI podem ser acessados facilmente, por exemplo, no site de Fernando Rodrigues no UOL.13

O lote de documentos do GSI/SNI foi de grande importância. Continha várias páginas iguais ou semelhantes àquelas existentes nos relatórios vazados, principalmente os relatórios da primeira missão e os comentários de Flávio Costa, confirmando a autenticidade de muitas delas. Nessa linha de corroboração dos documentos vazados, podemos compará-los como o principal documento oficial liberado pelas autoridades, o chamado “Registros de Observações de OVNI”, uma coletânea de 130 registros, emitido pelo I COMAR e enviado ao Estado Maior da Aeronáutica em fevereiro de 1979. Um cruzamento desses registros oficiais com existentes em documento vazado, denominado “Resumo Sintético Cronológico”, onde estão relacionadas 284 observações militares e relatos de civis, permite obter 99,2% de comparações positivas entre os documentos nas datas e horários, com descrições entre idênticas e muito semelhantes, com apenas um registro em cento e trinta sem seu par correspondente. Outro cruzamento, desta vez de um subconjunto de 122 observações militares de 1977 do vazado “Resumo Sintético Cronológico” com seus pares registrados nos relatórios de missão vazados, obtêm-se uma correspondência de 94,2% de comparações positivas.14

Uma das expectativas de todos que se interessam pela Operação Prato é que futuros documentos oficiais inéditos, via CENDOC ou graças a algum vazamento, se tornem públicos. Essa expectativa, mesclada com esperança, talvez tenha um conforto. Ele reside numa singela e espirituosa marcação manual na folha de encaminhamento juntada ao ofício do brigadeiro Protásio ao EMAER com os famosos 130 registros (ARX 197): nela lê-se 21/02/79 Arquivo da “Discoteca”. Discoteca?

Sumário das Coleções

1 – Arquivo Nacional, Fundo BR DFANBSB ARX (CENDOC):

  • Registros de Observações de OVNI (ARX 184).
  • Ofício do I COMAR enviando o documento “Registros” (ARX 197).
  • Informe do I COMAR sobre vazamento relatório da primeira missão pela revista UFO Documento (ARX 322).

2 – Arquivo Nacional, Fundo SNI:

  • Informe da Agência do SNI de Belém para a Agência Central.
  • Informe do 4º Distrito Naval para CENIMAR.
  • Requerimento da Câmara Municipal de Maracanã.
  • Relatório da primeira missão, parcial.
  • Croquis e desenhos (vários).

Notas:

A – Quanto aos documentos do SNI, temos uma versão ligeiramente diferente no conteúdo e considerável no formato em relação aos documentos vazados referentes aos relatórios de missão partes operacional, informativa e de comentários, elaborado pelos militares no período de 20/10 a 11/11/77. Por exemplo, nos arquivos SNI temos apenas os depoimentos colhidos em Colares, enquanto os vazados incluem também os de Tauá e Ubintuba.

B – Nos arquivos SNI não há o relatório de Missão do período de 25/11 a 05/12/77. Esse segundo relatório por vezes é chamado equivocadamente de Informes.

C – Croquis e desenhos estão menos elaborados do que os apresentados no ARX 184 (Registros de Observações de OVNI), talvez versões de campo.

3 – Vazados divulgados pela Revista UFO:

  • Relatório da primeira missão.
  • Relatório da segunda missão.
  • Relatórios de missão na fazenda Jejú.
  • Vários relatórios extras e especiais entre nov/1977 e nov/1978.
  • Informe Ernesto
  • Resumo Sintético Cronológico.
  • Croquis e desenhos.

Notas:

A – Um agente (George) do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica – CISA (Brasília), chefiou a 2ª Missão pelo menos num primeiro momento.

B – O primeiro relatório da fazenda Jejú se trata de verificação por uma equipe do serviço de informações do I COMAR (2ª Seção ou A2), sobre informe de marcas no solo na referida localidade. Após constatação, a equipe fez uma vigília que produziu um impressionante relato de OVNI.

C – O segundo relatório da fazenda Jeju é diferenciado pelo registro da presença do coronel Filemon Menezes, então Chefe do SNI da Agência de Belém.

D – Conflito de versões: o coronel Holanda em sua entrevista de 1997 diz textualmente que Filemon era o Chefe do SNI. Jorge Bessa, ex-agente do SNI de Belém nega a informação e diz que Filemon nunca participou de uma vigília na OP15, mas sua participação esta registrada em relatório.

E – Os relatórios extras são um conjunto de dezesseis relatórios do agente Flavio Costa. Quinze são chamados de “EXTRA” e um chamado “Relatos Esparsos”. Metade deles no ano de 1978. Sendo dois elaborados em períodos de ferias do serviço: fevereiro/marco e julho. Os relatos de informantes de 1978 também são originários das visitas constantes de Flavio a região.

F – O Informe do agente Ernesto é na verdade do sargento Flávio Costa, sobre eventos em Quatipurú em outubro de 1978.

Estrutura Documental da Operação Prato

 

Download dos Documentos

A seguir, disponibilizamos pra download, de forma clara, organizada e objetiva, todos documentos já liberados sobre a Operação Prato, basta clicar nos links para baixar os arquivos.

Pasta A – OFÍCIO I COMAR – ARX 197

Pasta A1- INFORME I COMAR – ARX 322

Pasta B- RESUMO SINTÉTICO CRONOLÓGICO – VAZADO

Pasta C- REGISTROS DE OBSERVAÇÕES DE OVNIS – CENDOC I COMAR

Pasta D- INFORME DO SNI

Pasta E- INFORME DO 4º DISTRITO NAVAL

Pasta F- CROQUIS E DESENHOS

Pasta G- RELATÓRIOS EXTRAS VAZADOS

Pasta H- RELATÓRIOS DA PRIMEIRA MISSÃO

Pasta I- RELATÓRIO COMENTÁRIOS – ANEXADO AO REL DA 1ª MISSÃO

Pasta J- RELATÓRIO DA SEGUNDA MISSÃO

Pasta K- RELATÓRIOS FAZENDA JEJU

Pasta L- RELATÓRIO MÉDICO PSIQUIATRA

Autores do artigo: Hélio A. R. Aniceto, Luiz Fernando, Raphael Pinho, P.A. Ferreira e M.A. Farias.

Referências bibliográficas:

1 Agildo Monteiro Cavalcante: Ilha de Colares na Amazônia – Fenômeno Prato-Voador, Belém, Editora Café, 2014.
2 Jornal O Liberal. Luz dos mistérios volta aos céus do Maranhão, 14/07/1977 – arquivado na Biblioteca Pública de Belém.
3 CAPELATO, Maria Helena. Imprensa e História do Brasil. São Paulo: Contexto/Edusp, 1988.
4 Flávio Costa. Comentários – Relatório da Primeira Missão, 1977, arquivos vazados.
5 Equipe UFO. Uyrangê Hollanda: Coronel rompe silencio sobre UFOs, Revista UFO: http://www.ufo.com.br/entrevistas/coronel-rompre-silencio-sobre-ufos, 1997.
6 Antunes Almeida, Rafael. Objetos intangíveis: Ufologia, ciência e segredo; Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília, 2015.
7 Pepe Chaves & Fábio Bettinassi. Entrevista com Bob Pratt, Viafanzine/UFOVIA: http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/entrevistas4.htm, 2005.
8 Bob, Pratt. Perigo Alienígena no Brasil. Perseguições, Terror e Morte no Nordeste. Editora Biblioteca UFO, pp. 171–185, 2003.
9 I COMAR. Informação n. 075/91/SI/I COMAR. Arquivo Nacional, referência BR DFANBSB ARX.0.0.322.
10 Revista UFO: UFOs: Liberdade de Informação Já – Fase 05; http://www.ufo.com.br/artigos/ufos-liberdade-de-informacao-ja—fase-05, 2004
11 Olímpio Ribeiro Gomes. NOTA TÉCNICA nº 1759 de 22/08/2012. CGU, 30 de julho de 2012.
12 Fernando A. Ramalho. Revista UFO: A Operação Prato nos arquivos do serviço de inteligência, 2013.
13 Fernando Rodrigues, UOL: http://download.uol.com.br/fernandorodrigues/ovnis/1977-OperacaoPrato-SNI.pdf
14 Hélio Amado Rodrigues Aniceto. Corpos Luminosos – Uma Operação Militar em Busca de Respostas, edição do Autor, pp. 8-10, 2014.
15 Edison Boaventura Jr. Ex-agente da Inteligência Lança Livro Sobre a Operação Prato, Portal Burn: http://www.portalburn.com.br/ex-agente-da-inteligencia-lanca-livro-sobre-operacao-prato/ , 2016.