Prezados pesquisadores,
Iniciamos nosso site no mês em que se completam 40 anos da investigação militar do maior evento ufológico da história. Sim! Maio.
1977. Estranhas luzes invadiam nosso espaço aéreo e atacavam moradores de municípios dos estados do Maranhão e Pará com um feixe luminoso que causava queimaduras em suas vítimas e pavor na população. Compelida a investigar, a Aeronáutica reuniu um grupo de militares do I Comar em Belém e no dia 20 de outubro de 1977 deu início a operação militar conhecida como “Operação Prato”.
Mas será essa realmente a verdadeira história?
A equipe do site www.operacaoprato.com recebeu de uma fonte altamente fidedigna, documento inédito de cunho oficial que apresentaremos a seguir em primeira mão, comprovando que desde MAIO de 1977 os militares já investigavam os estranhos fenômenos que ficaram popularmente conhecidos como “chupa-chupa”.
Outra descoberta surpreendente é a possibilidade de que essas investigações iniciais tenham sido conduzidas pelo setor de inteligência da Marinha e não da Aeronáutica como se poderia supor.
Todas essas questões e outras informações presentes nos documentos são minuciosamente tratadas por nossa equipe numa análise que estará disponível após a apresentação desse inédito e esclarecedor material.
O DOCUMENTO INÉDITO – “INFORME BRUTO”
A Autenticidade
Os documentos recebidos pela equipe do www.operacaoprato.com são um conjunto de cinco folhas inéditas ligadas aos fenômenos investigados pela Operação Prato. Estão visivelmente desgastadas pelo tempo. Não são uma peça única, um único documento, parecem mais como material esparso que foi reunido e entregue a nossa fonte. As quatro primeiras folhas são textos datilografados e a quinta um desenho de objeto voador não identificado, que tem uma versão ligeiramente diferente divulgada em 2009 pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República – GSI, como o anexo “D” do Informe nº 045 do 4o Distrito Naval de 23 de novembro de 1977.
A fonte dos documentos é absolutamente idônea e teve contato direto com militares integrantes da Operação Prato, recebendo o presente material das mãos do próprio sargento João Flávio de Freitas Costa, braço direito do Cap. Uyrangê Hollanda, comandante da Operação Prato. Entretanto, até o momento, prefere se manter no anonimato por questões pessoais.
Apresentação
O documento foi elaborado no final da década de 1970, quando as máquinas de escrever imperavam absolutas nas empresas, residências e instituições públicas. Tratando-se, portanto, de um meio de registro de informações que ofereciam escassas possibilidades para a correção de erros.
Os documentos não apresentam timbre da instituição, numeração, local ou data, assinatura, destinatário ou identificação do signatário, mas existem acréscimos à mão em cada uma das cinco folhas que as ligam ao I COMAR e ao sargento Flávio Costa, não significando necessariamente que tenham sido produzidas por esse órgão ou por esse militar. Isso será tratado mais à frente. Todas as cinco folhas foram assinadas pelo sargento, além de escritas as seguintes palavras “Propiedade(sic) Particular”. Uma comparação entre essas anotações com as assinaturas e palavras manuscritas conhecidas de Flávio Costa, obtidas na documentação vazada e oficial (disponível aqui), revelam novamente a autenticidade dos documentos, além de contarmos com a própria idoneidade da fonte, que garantimos ser absolutamente fiável.
Elas serão nomeadas, para facilidade da análise, em 1/5, 2/5, 3/5, 4/5 e 5/5. O fato de terem sido digitalizadas e dispostas na sequência tal como estão, não significa que seja a sequência correta de leitura, isso veremos adiante. Para facilitar, a folha 5/5 será comumente chamada de desenho.
Análise do conteúdo
A folha 1/5 apresenta no cabeçalho a descrição “INFORME” com uma inclusão à mão em momento posterior da expressão “ – BRUTO” e possui o título “Aparecimentos de objetos não identificados”. No seu primeiro parágrafo, o documento traz informações importantes:
“No mês de maio/77, numa das missões feitas por elementos desta seção nas regiões do MARANHÃO e PARÁ, os moradores daquelas zonas encontravam-se amedrontados com o aparecimento de uma luz misteriosa, que segundo êles, causava morte e alucinações”.
Deste parágrafo inicial podemos tirar duas valiosas conclusões:
1) Diferentemente do que se supunha até o momento, baseado nos relatórios liberados, que indicavam a data de 20/10/1977 como o início da atividade investigatória dos militares, pode-se afirmar agora de forma segura que pelo menos desde MAIO/77 eles já atuavam nas regiões afetadas.
Essa, sem sombra de dúvidas, é uma das informações mais importantes desse conjunto de documentos;
2) Diferentemente do que se pensava e se propaga até hoje, não teria sido o Ofício encaminhado à Aeronáutica pelo ex-prefeito da cidade de Vigia José Ildone Favacho, o estopim para o interesse militar em investigar os fenômenos.
Em seguida, no mesmo parágrafo, há outra observação interessante. De acordo com a concepção dos populares que possuíam uma “cultura mais ampla”, tudo não passava de “uma imagem criada pelo caboclo” ou, segundo os mais idosos, estrangeiros espionando a costa brasileira procurando minério, no caso a areia monazítica.
O documento não fornece informações para detalhar essa hipótese, mas se trata de uma ideia bastante específica que provavelmente envolve informações reais que não foram registradas nesse informe. Outro fator que adiciona certa viabilidade a essa hipótese se trata de uma reportagem do jornal O Liberal (Belém/PA) de 10 de julho de 1977 (disponível aqui) que, relatando informações relacionadas às luzes misteriosas, com ênfase na região compreendida entre as fronteiras dos estados do Pará e Maranhão, sugere que franceses disfarçados de caboclos teriam “retomado” uma atividade ilegal que consistia na extração e contrabando de areia monazítica1.
Prosseguindo, o documento narra relatos de moradores dessas regiões de que num dos aparecimentos desse “objeto” teria ocorrido um caso fatal no dia 22/5/1977 às 00:00h, quando quatro ocupantes de uma embarcação na ilha dos Caranguejos foram atingidos por um foco de luz disparado pelo “aparelho” causando a morte de um deles por queimadura no tórax. Para quem conhece um pouco o assunto trata-se do célebre caso da “Ilha dos Caranguejos” e, embora não seja o escopo do presente trabalho, vale tecermos aqui algumas considerações. Realmente houve uma morte nesse caso, mas não do Sr. Firmino e sim do Sr. José Mendes Souza. Diferentemente também do que consta no documento, esse evento teria ocorrido entre a noite do dia 25 e a madrugada do dia 26/04/1977. Nenhum dos homens lembrava-se de algo e não houve avistamento de objeto ou foram atingidos por um foco de luz (pelo menos que se lembrem). Apenas o próprio Sr. Firmino teria citado a palavra “fogo” enquanto delirava no hospital. Segundo laudo médico do IML do Maranhão, o homem que morreu não apresentava queimaduras ou hematomas e a causa mortis foi atribuída a um AVC por choque emocional.
Encerrando essa folha 1/5, são citadas várias localidades onde o fenômeno passou a ocorrer com maior frequência, iniciando nas regiões do Maranhão e depois Pará.
Mapas indicando localidades citadas no documento – Fonte: Google maps
Conforme análise mais aprofundada que será explicitada mais adiante neste trabalho, muito provavelmente a folha 2/5 não seja uma sequência lógica da folha 1/5, mas sim trata-se de um outro documento produzido separadamente, que veio a ser anexado ao anterior num momento desconhecido e assim foi repassado a nossa fonte.
A folha 2/5 traz a seguinte informação temporal em seu cabeçalho: “Em 12/9/77”. A princípio, somos induzidos a pensar que tal informação indica a data de sua elaboração, já que se encontra isolada no alto da folha. Entretanto, veremos mais adiante neste texto (apenas na análise da folha 4/5) que provavelmente tal informação não procede.
Em seguida traz narrativa de ocorrência na comunidade de Taperinha, que pertence ao município de Quatipuru/PA, onde um casal teria avistado, na “terça-feira (dia 19/8/77), às 03,00 horas da madrugada”, próximo a sua residência, um aparelho do estilo de um balão iluminado a cerca de 10 metros de altura. É possível que esse objeto se trate do desenho presente na folha 5/5, porém, não passa de uma conjectura.
Em seguida, há a informação de que “no dia 12 as 07,00 horas da manhã houve uma explosão em frente da barra de Japirica(sic), daí em diante aparecido muito peixe morto” e, que há “comentário” a respeito de que estaria “aparecendo um submarino” entre Quatipuru e Japerica (bem fora da barra), que estaria sendo visto por pescadores daquela área.
A respeito dessas informações, é necessário que teçamos alguns comentários. Sobre o avistamento do aparelho do estilo de um “balão iluminado”, que teria ocorrido na “terça-feira (dia 19/8/77), às 03,00 horas da madrugada”, certamente há algum erro nessa informação visto que o dia 19/8/1977 se tratou de uma sexta-feira. Portanto, ou o dia da semana foi informado errado ou, se deu na terça-feira mais próxima, que se tratou da data de 16/08/1977. Entretanto, diante desse conflito, ainda consideramos ser mais sensato confiar na data de 19/08/1977.
Quanto à informação da “explosão”, deve ser observado que não fica claro se esta ocorrência foi relatada pelo mesmo casal, apesar da informação ter sido lançada em sequência. É informado que tal explosão teria ocorrido em frente da barra de Japerica “no dia 12 as 07,00 horas da manhã”. Sobre esta data, considerando a falta da indicação do mês no qual o fato teria ocorrido, logicamente recorremos a data mais próxima para inferirmos o mês correto. Considerando então que a algumas linhas antes, registrou-se um fato que teria ocorrido em “19/08/1977”, a princípio só nos resta considerar que a explosão ocorreu na data de “12/08/1977”. Essa é a impressão que os leitores do documento terão até que avancemos um pouco mais na leitura deste trabalho.
A seguir, uma ocorrência com o Sr. Raimundo Lisboa dos Santos, residente em Quatipuru, data não informada, que teria sido vítima do “aparelho” entre as 02:00h e 06:00h. Teria sido atendido pelo vice-prefeito e estaria sofrendo alucinações quando dormia.
Prosseguindo, algumas ocorrências com poucos detalhes, ocorridas em: Taurizinho (Santa Rosa); Capanema (São Gonçalo) e Lugar Serra.
A folha 3/5 traz em seu início:
“d) APARECIMENTO DE OBJETOS VOADORES ESTRANHOS NA REGIÃO:”
De forma análoga ao que foi mencionado anteriormente em relação à folha 2/5, será abordado mais a frente nesse estudo que a folha 3/5 provavelmente não seja uma sequência lógica da anterior (2/5) e sim parte de outro documento que a este foi anexado.
Inicia-se o texto com as declarações dos moradores de Carutapera informando o aparecimento constante de uma luz misteriosa no município de Cajapió (Maranhão) e, que ela foi vista por quase toda sua população. Informa também que foi frisado pelos moradores que a mesma luz teria seguido um motorista na Estrada Pará – Maranhão. Este ponto do informe também é bastante interessante, pois mostra o contato dos militares com os residentes do Maranhão na investigação dos fenômenos; até hoje só tínhamos esse contato estabelecido com os habitantes do Pará.
A seguir, relata novamente o caso da “Ilha dos Caranguejos” já tratado anteriormente.
Finalizando, informa que do mês de junho em diante, o mesmo fenômeno vinha se repetindo em outros pontos causando “pânico” nos moradores e, exibe uma lista dessas localidades atingidas.
Observando essa lista, percebemos que são apresentados locais e pessoas que nunca ou raríssimas vezes foram citados nos relatórios militares até hoje conhecidos ou mesmo pela mídia. Fica claro que o fenômeno foi real e consistente e não ficou restrito a apenas alguns municípios.
Conclui-se ainda que os militares investigaram efetivamente, desde o Maranhão, a ocorrência dos fenômenos e seus efeitos e não apenas após eles atingirem as cidades paraenses de Viseu, Vigia e Colares por exemplo ou mesmo que foram instados a tomarem providências apenas por causa da pressão das autoridades desses locais.
Diferentemente das folhas anteriores, a folha 4/5 parece ser a sequência lógica de outra anterior apresentada, mas se trataria de uma continuação da folha 1/5. Esse tema será abordado em momento oportuno.
Menciona que além dos locais citados (provavelmente na folha 1/5), outros eram visitados pelo objeto conforme recortes de jornais que estariam como “anexos” do informe. Embora o autor mencione que o problema aparente ser manchete (imprensa), afirmou que ele era real, vinha causando prejuízos a pescadores e agricultores e que merecia ser estudado com mais “carinho”.
Interessante o terceiro parágrafo. Afirma que a maioria dos caboclos acreditava que esse aparelho era manobrado por um submarino e que por trás disso estava a famosa “mulher da ilha do meio”, francesa que eles acreditavam ser uma “espiã”.
A seguir, o relator oferece destaque a já mencionada “explosão”, entretanto, diferentemente do que fora sugerido na folha 2/5, a data correta para tal acontecimento seria “12/09/1977”. Considerando então que o relato anterior foi omisso ao detalhar o mês, é mais seguro, portanto, considerarmos que o dia 12 de setembro de 1977 se tratou da verdadeira data da explosão. Há uma pequena diferença de meia hora em relação ao horário exato da explosão (a folha 2/5 informa que ela ocorreu às 07H enquanto a folha 4/5 relata que esta ocorreu às 07h30min) mas, saber a data correta e o horário aproximado já é uma informação satisfatória para os pesquisadores.
Em seguida, novamente sugere que a explosão poderia ser a responsável por uma grande quantidade de peixes que vieram a “boiar e morrer”. Complementando o que foi descrito na folha 2/5, esse trecho foi mais preciso ao relatar que o fato referente a morte dos peixes ocorreu “dois dias depois” da explosão, portanto, provavelmente em 14/09/1977. Em sequência semelhante àquele presente na folha 2/5 menciona o estranho objeto “estilo submarino” que foi visto “andando no escuro” entre as pontas de Japerica e Quatipuru.
Apesar de não serem inéditas as informações referentes à suposta explosão que teria causado o surgimento de uma grande quantidade de peixes mortos na barra de Japerica – Quatipuru/PA, com relatos de pescadores sobre o aparecimento de um submarino na região, tendo em vista que tais fatos também estão presentes no já liberado Informe da Marinha nº 045 de 23/11/1977 (disponível aqui), a indicação de um marco temporal mais preciso para esses eventos é algo bastante significativo.
Como podemos observar, hipóteses bem mais terrenas foram comuns na tentativa de explicar os estranhos acontecimentos por parte dos moradores nas fases iniciais das observações. Embora não descartasse a hipótese extraterrestre, a própria imprensa local noticiava a possibilidade de haver alguma intervenção humana nos eventos, conforme podemos observar nas reportagens abaixo:
Finalizando, afirma que o caso merecia atenção e que “esta seção” estava acompanhando atentamente para chegar a uma conclusão. Como mensagem final, cita os anexos com croquis das áreas afetadas e recortes de jornais. Nesse caso, é provável que se tratem dos conteúdos que acompanham o Informe nº 045 do 4º DN da Marinha.
Encerrando esta parte da análise, a folha 5/5 traz o desenho do aparelho observado e descrito pelos pescadores.
Esse desenho já é de conhecimento público, pois, faz parte do anexo D do Informe da Marinha citado.
A partir deste ponto, nossa análise se concentrará em identificar os possíveis autores desse conjunto de documentos.
Um olhar mais atento nos permitirá descortinar uma possibilidade surpreendente:
A Marinha foi a primeira instituição militar a investigar os fenômenos e seus militares foram os responsáveis pela elaboração desse conjunto de documentos inéditos.
Vejamos:
Retornemos a folha 1/5 e seu primeiro parágrafo:
“No mês de maio/77, numa das missões feitas por elementos desta seção nas regiões do MARANHÃO e PARÁ, os moradores daquelas zonas encontravam-se amedrontados com o aparecimento de uma luz misteriosa, que segundo êles, causava morte e alucinações”.
A Jurisdição
Esse parágrafo, além de apresentar um marco temporal anterior ao que se conhecia para o início da investigação militar, traz uma informação crucial para a identificação do autor. O I COMAR, na época, não tinha jurisdição sobre o estado do Maranhão e sim o II COMAR com sede em Recife. O inverso também é válido: o II COMAR não tinha jurisdição sobre áreas do Pará. Então, por que agentes do serviço de informações do I COMAR estariam atuando em uma área de outro serviço de informações, como as assinaturas de Flávio Costa poderiam dar a entender?
Se mudarmos o foco do serviço de informações A2 (2a Seção) da Aeronáutica para o serviço de informações M2 (2a Seção) da Marinha, a situação começa a clarear. O M2, congênere do A22, do 4o Distrito Naval da Marinha sediado em Belém, tinha jurisdição tanto sobre o estado do Pará quanto do Maranhão. Se fossem agentes do M2 realizando missões nesses dois estados não haveria conflito de jurisdição3.
Uma segunda linha de raciocínio poderia questionar se não seria uma missão conjunta das 2a Seções do I COMAR e II COMAR. Há no meio militar um respeito muito grande quanto a área de atuação das unidades militares, que tendem a não executar ações fora de suas respectivas jurisdições. Então, apesar da lógica a princípio indicar que o fenômeno seria investigado no Maranhão apenas pelo II COMAR e, posteriormente no Pará, pelo I COMAR, poderia ter havido uma exceção em tese, com missões conjuntas entre militares pertencentes a esses comandos e o documento agora divulgado daria suporte a essa tese. No entanto, duas situações estão registradas na documentação histórica. Em 25 de julho de 1978 o Estado Maior da Aeronáutica – EMAER, seguindo uma recomendação do Ministro da Aeronáutica4 que recomendou a criação de um “Registro de OVNI”, determinou que qualquer ocorrência OVNI, independente da cadeia de subordinação, devesse ser relatada aos Comandos Aéreos Regionais (COMAR), devendo esses órgãos registrar, investigar e remeter os relatórios diretamente ao Chefe do Estado Maior. Dessa determinação foi gerado pelo I COMAR o conhecido “Registros de Observações de OVNI”, guardado no Arquivo Nacional sob o código ARX 184, com 130 casos OVNI, incluindo os registrados e coletados durante a Operação Prato. O II COMAR também começou a enviar relatos de OVNIs ao EMAER e o primeiro ofício enviado foi o 011/A2/C-829 de 28 de novembro de 1978, guardado no Arquivo Nacional sob o código ARX 177, e não se referiu a nenhum evento OVNI anterior a 1978, demonstrando uma possível ausência de casos registrados oficialmente durante a onda maranhense do fenômeno.
Uma segunda situação foi o envio de solicitação de providências pelo prefeito da cidade de Pinheiro no Maranhão ao II COMAR em São Luís, quanto ao fenômeno luminoso que causava comoção entre os habitantes da região, conforme publicado em 22 de julho de 1977 pelo jornal maranhense O Imparcial (disponível aqui). Ainda segundo a publicação, o comando local da Aeronáutica encaminhou a solicitação ao II COMAR no Recife, de onde teria sido enviado para Brasília. O jornal alertava que até aquele momento nenhuma resposta havia chegado do Recife.
Como não há evidências nos registros históricos de envolvimento do II COMAR nos eventos de 1977, a tese de missão compartilhada entre os comandos aéreos perde força.
Comparação com Informe do 4o Distrito Naval
O Informe nº 045 de 23 de novembro de 1977 do 4o Distrito Naval (disponível aqui) é muito conhecido, tendo sido liberado no lote de documentos do GSI em 2009, juntamente com documentos do Serviço Nacional de Informações – SNI. Efetuando uma comparação entre esse informe da Marinha e as cinco folhas inéditas, percebe-se uma compatibilidade tão significativa entre as informações apresentadas pelos dois documentos, de maneira que não há qualquer possibilidade de que não exista uma ligação concreta entre ambos.
Formatação entre documentos de Órgãos distintos
Na ausência de um emissor explicitamente designado no documento, podemos tentar fazer uma comparação entre documentos de órgãos distintos, como forma subsidiária de atestar sua real origem. E nesse caso, o detalhe que vamos explorar é um detalhe de formatação. Um detalhe que se manifesta na finalização de documentos, uma marcação datilográfica específica.
Temos três conjuntos de documentos: SNI, I COMAR e 4o Distrito Naval.
Os documentos liberados do SNI (ACE 3370/83 e 3252/83) finalizavam com uma marcação específica, com três linhas em pirâmide invertida:
_________________
___________
_____
Os documentos liberados e vazados do I COMAR, quer informe ou relatório, finalizavam com a assinatura do emitente, e as vezes, haviam marcações específicas intermediárias no interior do documento, como essas:
_____ooo_____
O documento do 4o Distrito Naval finaliza com uma marcação específica diferente:
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Entre as cinco folhas inéditas, uma delas mostra a mesma marca específica de finalização que mostra o informe do 4o Distrito Naval. Essa marcação reforça a tese de que a autoria desses documentos é a Marinha.
Letras usadas nos desenhos do I COMAR e do 4o Distrito Naval
A folha inédita com o desenho de OVNI (5/5) tem dois outros documentos similares que contêm o mesmo desenho. O primeiro é o desenho de OVNI do anexo “D” do Informe do 4o Distrito Naval que se diferencia do inédito por não conter as anotações do sargento Flávio Costa, apenas isso. O segundo documento similar pertence aos documentos vazados, e está em meio a um conjunto de folhas como mapas e croquis, sem fazer parte de relatório ou informe do A2 e se diferencia dos demais por conter a assinatura de Flávio Costa cortada e sem as palavras “Propiedade (sic) Particular”. Uma observação cuidadosa nos diz que esse segundo documento é uma cópia da folha inédita (5/5) em que se ocultou a anotação “Propiedade (sic) Particular” com o uso de uma outra folha sobreposta.
Um outro conjunto de desenhos pertencentes aos anexos “B” e “C” do Informe nº 045 do 4o Distrito Naval, mostram a costa paraense com marcações das localidades em que houveram relatos de OVNI.
Analisando o documento inédito e os anexos “B”, “C” e “D” do 4o Distrito Naval, se observa que as letras de fôrma usadas nos títulos, dizeres e nomes de locais foram executados com um normógrafo, instrumento para escrita técnica de ampla utilização na Marinha, sendo matéria de prova para concursos contemporâneos para técnicos da Armada. Nos documentos do I COMAR, não se observa o uso do normógrafo e a Aeronáutica parece não ter tradição no seu uso.
Essa é outra ligação clara entre o documento inédito e o informe do 4o Distrito Naval.
A Autoria
O conjunto das evidências aponta para um mesmo autor, o serviço de informações M2 do 4o Distrito Naval.
Evidências:
- Jurisdição correta (Pará e Maranhão).
- Compatibilidade com o informe oficial do 4o Distrito Naval.
- Formatação dos caracteres de encerramento entre documentos de órgãos distintos.
- Uso do normógrafo.
Os documentos inéditos
As cinco folhas não parecem ser do mesmo documento. Há indicações de que podem ser três documentos distintos. Vamos por partes.
Folha 3/5
Em relação às quatro folhas datilografadas, uma delas é diferente (folha 3/5): o espaçamento entre as linhas do texto discursivo é duplo e em todas as demais folhas ele é simples. Além disso, ela inicia em seu caput assim:
“d) APARECIMENTO DE OBJETOS ESTRANHOS NA REGIÃO”
Não há nas demais folhas itens a), b) ou c) associados a um texto discursivo. Você os terá em outro contexto, quando se elenca locais de relatos. É possível que essa folha seja parte de um informe mais amplo, em que o M2 presta informações a superiores hierárquicos sobre suas atividades em determinado período. O item “d)” tratou de informações sobre OVNIs obtidas durante missões de campo e pode ter sido apenas nesse item “d)” em que se tratou do assunto nesse suposto informe. Vamos chamá-lo de Informe 1 do M2.
Quanto à provável data de emissão podemos garantir que foi posterior a 19/07/1977, pela citação da data no texto quando registra que “(…) João Galego viu às 23:30 hs do dia 19/07/1977 (…)” e inferior a 12/09/1977 pela não citação do caso do submarino e explosão ocorridos entre Japerica-Quatipurú.
É importante para a definição da sequência temporal dos documentos citarmos as localidades neles contidas.
O agora denominado Informe 1 do M2, cita as seguintes localidades onde “(…) o fenômeno vem se repetindo (…)”:
- Candido Mendes, Maranhão.
- Cajapió, Maranhão.
- Furo Grande, Viseu, Pará.
- Colégio Abel Alves, Viseu.
- Boca do Rio, Viseu.
- Campo de Nossa Senhora, Viseu.
- Açaiteua, Bragança, Pará.
- Augusto Correia, Bragança.
- Fazenda Ponto Alto, Capanema, Pará.
Folha 2/5
A folha 2/5 é diferente do resto do conjunto. Ela NÃO traz um texto que esclareça o contexto das informações prestadas, uma história para ser entendida por um leitor sem conhecimento da situação no campo. Ela traz casos de observação de OVNIs ou luzes e indicações de locais, pessoas, horas, datas (entre agosto e setembro, ou sem especificação) e relatos, alguns muito sucintos. Numa sugestão, bem especulativa, é possível que essa folha seja o informe de agente, resultado de uma missão de campo, para a chefia do M2.
O agora denominado Informe do Agente, cita as seguintes localidades:
- Taperinha, Pará
- Quatipurú, Pará.
- Fazenda Santa Rosa, Capanema, Pará.
- São Gonçalo, Capanema.
- Lugar Serra, Capanema.
Folhas 1/5, 4/5 e 5/5
Outras duas folhas parecem pertencer a um mesmo conjunto (folhas 1/5 e 4/5). Elas mantêm o mesmo espaçamento entre linhas. Mantêm também coerência entre si, quando o caput de 4/5 liga-se a folha anterior (1/5): “Além destes outros ainda estão sendo visitados pelos objetos…”. Também apresenta formatação de início e fim coerentes. Ainda, juntamente com o desenho (5/5), contêm uma mesma marcação, tipo linha grossa no sentido vertical, do lado direito de cada uma das folhas. A folha 1/5 inicia com o título “INFORME” e como argumentamos no item Formatação entre documentos de Órgãos distintos, informes do 4o Distrito Naval terminam com a formatação -*-*-*-*, a mesma datilografada na folha 4/5.
O agora denominado Informe 2 do M2 cita também uma extensa lista de localidades. Se compararmos com os denominados Informe 1 do M2 e Informe do Agente, veremos que juntos citam catorze locais. O Informe 2 do M2 cita treze deles, incluindo o caso Japerica-Quatipurú. Além disso, inclui outros locais como Maracanã, Vigia, Colares, locais onde casos de OVNIs passaram a ser ostensivos a partir de outubro de 1977.
No item “Comparação com Informe do 4o Distrito Naval”, sustentamos que havia uma compatibilidade inegável entre os inéditos e o informe oficial da marinha, mas o certo seria dizer que essa compatibilidade concreta é entre o Informe 2 do M2 e o informe oficial.
A sugestão de sequência temporal e provável mês de elaboração dos documentos segue abaixo:
- Informe 1 do M2, de agosto de 1977.
- Informe do agente, de setembro de 1977.
- Informe 2 do M2, de outubro de 1977.
O informe oficial do 4o Distrito Naval é de novembro de 1977.
A “Propiedade (sic) Particular”
Pressupomos que algum integrante do M2, provavelmente um agente, entregou ao sargento Flávio Costa, agente do A2, cópias das partes relativas a OVNIs que integravam os informes da Marinha acima mencionados. Flávio teria, ao assiná-los e carimbá-los como documentos particulares, justificativa para mantê-los longe dos relatórios do A2, talvez uma exigência de quem lhe entregou as folhas. Mas é apenas especulação.
Conclusão
O conteúdo desses documentos é riquíssimo, fonte de novas considerações, descobertas e hipóteses. Merecem ampla discussão pelos ufólogos, pesquisadores, escritores, estudiosos e interessados.
Por fim, esperamos que este conteúdo possa subsidiar outros pesquisadores a encontrarem novos caminhos que possam trazer à tona novas informações referentes a esse fenômeno que impactou a vida de tantos brasileiros.
Autores do artigo: Hélio A. R. Aniceto, Luiz Fernando, Raphael Pinho, P.A. Ferreira e M.A. Farias.
1 Areia monazítica é um tipo de areia que possui uma concentração natural de minerais pesados, podendo ocorrer ao longo do litoral e em determinados trechos de rios. Contém uma abundante quantidade de monazita, minério constituído por fosfatos de metais do grupo do cério, e de tório, principalmente o isótopo 232. Possui também significativa quantidade de urânio, que juntamente com o tório é responsável pela sua radioatividade e são matérias primas para o processo de produção de energia nuclear.
Destaque-se que o contrabando da areia monazítica brasileira é um fato real conforme se pode observar da leitura da matéria apresentada no link a seguir: http://especiais.gazetaonline.com.br/bomba/
2 Projeto Brasil Nunca Mais, Tomo I, capitulo V, Estrutura do Aparelho Repressivo, página 72.
3 Somente em 1983, com a edição do Decreto nº 88.133 de 01/03/83 é que houve a alteração de jurisdição do Estado do Maranhão do II para o I COMAR.
4 Ministro Joelmir Campos de Araripe Macedo.
Como uma última opinião junto a este site, quero deixar minhas impressões p trabalho desenvolvido p jornalista americano Bob Pratt e o biólogo brasileiro Daniel Rebisso. Sou do MA, nasci na região dos Cocais (leste maranhense) e fui criado na baixada maranhense, sendo que lá vi a pobreza e a riqueza de uma região exuberante. Admirei a pesquisa de ambos, primeiramente o americano foi um desbravador ao viajar dos EUA e vir ao rincões do MA, pq deixar td um conforto, família e bem estar, realmente é p quem tem paixão e dedicação p q acredita, conheceu a temida “Ilha dos Caranguejos” (até msm aqui em SLS têm gente q nem sabe q existe) e viajou p baixada maranhense, visitando cidades como Pinheiro, Penalva e Alcântara, ainda salientando q nesta última possuía o CLA (q o próprio Pratt elogiou), isso td sem saber o nosso idioma ou cultura. Td isso vi nos arquivos dos Bob Pratt (disponíveis neste site em inglês), então qdo os vi, considerei sensacional td o q Sr. Pratt fez, muito mais do q os nossos patrícios fariam. Qto ao Daniel Rebisso, não li o seu livro (Vampiros Extraterrestres na Amazônia), pq não o tenho, mas p poucos trechos disponíveis q vi na web, o q chamou-me a atenção foi um fato em q populares locais da baixada maranhense notaram pessoas estranhas e carros q eles nunca tinham visto, em datas anteriores aos famoso episódios em Colares (PA) e creio q esta premissa seja vdd e coaduna com este artigo. Quem sabe estas pessoas não eram militares (em trajes civis) com veículos descaracterizados ou estrangeiros em carros importados fazendo pesquisa frente aos eventos das luzes dos “aparelhos”? Bem, td isso importa em afirmar q de fato, algo ocorreu no MA e PA, no final da década de 70, em eventos similares e resultados distintos, sendo o ápice em Colares, agora o q foi e o q é, não temos respostas. Há teorias (ou correntes), e não descarto nenhuma, no entanto sou inclinado pela teoria terrena, até pq o MA e o PI, fazem parte do chamado meio-norte (p possuir semelhanças com o norte do Brasil) e tbm boa parte do MA faz parte da Amazônia Legal; e tbm pq aqui msm neste site há teorias q apontam p este tipo de análise (os pesquisadores do infovia) e tbm não podemos esquecer q o norte do Brasil é rico, pouco explorado, pouco habitado e pouco conhecido. Abraços a td e sucesso a td os demais pesquisadores deste assunto.
E só para concluir e deixar minha opinião aqui, sou do MA, nasci na região dos cocais e criei-me na região da baixada maranhense (próximo da capital São Luís) onde pude ver a riqueza e a pobreza ao msm tempo de uma exuberante região q se assemelha mais com o norte q o NE, tanto q o MA e PI são considerados Meio-Norte, muitos vivem da pesca artesanal e agricultura rústica (roça).Qdo era guri na década de 80, vi algumas comentando acerca dos tais “aparelhos”. Qdo vi os “Bob Pratt File´s (arquivos de Bob Pratt)” neste site não sabia q este homem tinha se aventurado nestes rincões antes da minha chegada, qdo sequer haviam estradas asfálticas, o kra foi um excelente pesquisador e visitou inclusive a temida “Ilha dos Caranguejos” (q tem gente aqui em SLS q sequer conhece) e tbm a cidade de Alcântara (e salientou por oportuno o CLA), realmente foi um desbravador q envergonha a muito dos nossos patrícios. Qto ao Daniel Rebiso, apesar de não ter lido seu livro, fez uma boa pesquisa, mormente qto a um trecho de seu livro (q pude v na web) q diz que os populares locais da baixada maranhense estranharam qdo viram pessoas diferentes e modelos de veículos esquisitos em datas anteriores aos eventos em Colares no PA, acredito q esta premissa seja vdd, pq vivi e convivi com os baixadeiros (q tbm são maranhenses); e sei qdo eles sabem quem é ou não é da região (podendo ser brasileiro ou estrangeiro), esta hipótese coaduna c/ este artigo, quem sabe se estas pessoas não eram militares (á paisana) em veículos descaracterizados ou estrangeiros em carros importados fazendo algum tipo de pesquisa paralelo aos eventos das luzes dos tais “aparelhos”, afinal aqui (e ainda cont. infelizmente) não mudou muito do q era considerado há mais de 30 anos, sempre foi visto como um fim-de-mundo, imagine a baixada q ainda era muito pouco visitada, qdo chegasse alguém diferente era notado na msm hora, o único mal (aqui e em qq lugar) são os boatos e rumores q distorcem os fatos, mas essa parte do livro de Rebiso condiz c/ vdd. Então sem sombra de dúvida, reitero q estes fatos ocorreram sim, tanto no MA como no PA, em intensidades díspares, sendo q no PA ficou mais conhecido, agora o q foi e o q é, ninguém sabe. Existem várias teorias (ou correntes), não descarto nenhuma, até pq esta parte isolada do Brasil é a pré-amazônia, e existem colaboradores deste site (como o infovia) q aceitam a teoria terrena, q apoio c/ firmeza, até pq aqui é uma das regiões mais ricas e pouco exploradas do Brasil além do q (como enfatizou Pratt) temos o CLA tbm, portanto encerro aqui deixando esta opinião e desejando sucesso aos demais pesquisadores deste assunto.
Vi este artigo e tbm fiz comentários no blog “Orbitador” (excelente p/ sinal) de Hélio Aniceto (q tbm colabora p/ este site); e justamente p/ isso tenho a dizer q os melhores pesquisadores desse assunto (OP) foram o americano (falecido) Bob Pratt e o brasileiro (mas boliviano p nascimento) Daniel Rebiso, p/ incrível q pareça 2 estrangeiros tenham mais pesquisado esta matéria q os nacionais, não q desmereça o brilhante trabalho dos editores da UFO (Petit e Gevaerd), mas acho q os primeiros citados possuem um mérito maior. Pratt inclusive se deslocou p o MA e o PA na década de 70, sem saber nada da nossa cultura e idioma (e já não era tão novo, pois tinha servido na II Guerra, na força aérea americana), e foi para lugares esquecidos aqui do MA (sou maranhense) e PA; e fez um excelente trabalho. Acredito q se este homem tivesse uma equipe (mais pessoas) e mais estrutura (câmeras, veículos etc) teria feito um trabalho maior, ocorre q como aqui na época era regime militar e acho q equipes de pesquisa estrangeira (msm q ianques) na Amazônia não seriam bem-vindos (a não ser q confidenciais e autorizados p gov. estadunidense), no entanto ele (Pratt) deixou um legado impressionante para um senhor de idade (q c/ certeza maioria deles não deixaria o conforto, família e bem estar terra natal, EUA p vir ao Brasil, fazer pesquisas ufológicas), o pioneirismo deste “gringo” neste assunto foi uma triste lacuna na maioria dos documentários que vi, mas um importante e latente legado para os q ainda buscam a verdade.
Parabéns, excelente artigo! Belo trabalho!
Operação Prato Reativada… aguardem!
Parabéns , pela pesquisa nova sobre a “Operação Prato” , que no futuro , novos documentos e informações possam vir à tona sobre este instigante assunto.